Mostra de Cinema de Tiradentes divulga filmes concorrentes

Hoje em Dia
23/12/2015 às 15:51.
Atualizado em 17/11/2021 às 03:26

(Hoje em Dia)

A Mostra Aurora, dedicada à exibição de longas inéditos de realizadores em início de carreira é uma das seleções mais aguardadas da 19ª Mostra de Cinema de Tiradentes, que este ano acontece entre os dias 22 e 30 de janeiro. A Aurora, em sua nona edição, mantém o perfil de apostar em filmes de invenção e experimentação da produção contemporânea brasileira, exibindo títulos de realizadores com no máximo três longas-metragens no currículo. Eles são avaliados pelo Júri da Crítica e concorrem ao Troféu Barroco e a prêmios de parceiros do evento.

Na 19ª edição do evento na cidade histórica mineira, a Aurora exibirá sete filmes inéditos de quatro Estados do país: “Animal Político” (PE), de Tião; “Aracati” (RJ), de Aline Portugal e Julia De Simone (RJ); “Banco Imobiliário” (SP), de Miguel Antunes Ramos; “Filme de Aborto” (SP), de Lincoln Péricles; “Índios Zoró – Antes, Agora e Depois?” (PE), de Luiz Paulino dos Santos; “Jovens Infelizes ou Um Homem que Grita não é um Urso que Dança” (SP), de Thiago B. Mendonça; e “TaegoAwa” (GO), de Marcela Borela e Henrique Borela.

A seleção, a cargo do curador Cléber Eduardo e do curador assistente Francis Vogner dos Reis, foi feita a partir de 59 filmes inscritos para seleção com perfil e requisitos para a Aurora, o que mostra a solidificação da mostra e o constante interesse de cineastas e público por uma produção de risco e de criação plena. “Em linhas muitos gerais, são filmes de reação e de reflexo, tendo o mundo contemporâneo como motivador”, destaca Cléber, relacionando as escolhas à temática central da 19ª edição da Mostra Tiradentes definida Espaços em Conflito no cinema brasileiro. “Essa reação pode vir por meio da fuga do mundo urbano e tecnológico, da beleza da natureza ou da crítica à sua ameaça. Esses universos, rompidos com nossa atualidade metropolitana e cosmopolita, artificiosa e virtual, parecem estimular os realizadores a olharem para outros modos de existência, de funcionamento e de problemas sociais/políticos”.

Nesses embates, destacam-se os universos urbanos, nos quais, a cada filme, diferem-se os segmentos sociais abordados. “O espírito é critico em todos deles, sempre problematizador,sem o modo e sem a moda de afetividades e negociações entre as diferenças. As problematizações podem estar presentes num filme situado na vida de moradores de periferias amplas, num filme sobre mercado imobiliário em São Paulo, numa vaca em crise com o vazio burguês urbano de seu entorno e num grupo de teatro as voltas com perrengues e potências. Os tons diferem entre uns e outros, mas o conjunto estabelece uma linha de conflitos e de convergências, mesmo quando se opõem”, enumera o curador, já provocando algumas apreensões aos filmes da mostra.

Uma das presenças aguardadas da Aurora 2016 é a de Luiz Paulino dos Santos, lendário cineasta baiano que, aos 83 anos, exibirá seu terceiro longa-metragem como diretor, Índios Zoró – Antes, Agora e Depois?”. Paulino foi diretor de primeira hora de “Barravento” (1961), que viria a se tornar o primeiro longa de Glauber Rocha, e esteve presente em diversos projetos ao longo das últimas décadas, como ator, consultor ou mesmo inspiração a várias gerações. Sua presença na Aurora, tão caracterizada pela invenção de novas formas, atesta a pluralidade do recorte e a preocupação constante com o risco e a experimentação.

Como em todos os anos, os filmes da Mostra Aurora são avaliados pelo Júri da Crítica, composto de cinco profissionais do pensamento acadêmico e crítico cinematográfico. Na 19ª edição da Mostra de Tiradentes, o Júri da Crítica será formado pela professora e pesquisadora da UFPE, Angela Prysthon (PE); pelo professor e pesquisador da Universidade Federal de São Carlos, Arthur Autran (SP); pelo crítico e pesquisador, Carlos Alberto Mattos (RJ); pelo crítico Marcelo Ikeda (PE); e pelo jornalista Paulo Henrique Silva (MG).

CONFIRA OS FILMES SELECIONADOS PARA A MOSTRA AURORA 2016

ANIMAL POLÍTICO

FICÇÃO, COR, DCP, 75MIN, PE, 2016

Direção: Tião

Uma vaca tenta se convencer de que é feliz. Ela vive entre as pessoas e tem uma vida vazia e consumista. Numa noite, véspera de natal, a vaca confronta-se com uma sensação estranha de vazio, algo forte que ela nunca havia vivido. Essa crise a faz começar uma jornada por iluminação, em busca do seu verdadeiro eu. O vazio é um novo território para a sua alma.

 

ARACATI

DOCUMENTÁRIO, COR, DCP, 62MIN, RJ, 2015

Direção: Aline Portugal e Julia De Simone

Vale do Jaguaribe, Ceará. Seguindo a rota do vento Aracati, o filme parte do litoral e adentra pelo interior do estado. Nesse percurso, observa a relação entre homem e paisagem, as transformações do espaço e os limites entre natureza e artifício.

 

BANCO IMOBILIÁRIO

DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 75MIN, SP, 2015

Direção: Miguel Antunes Ramos

Brian caminha por seu bairro de infância, procurando novas áreas para uma incorporação imobiliária. Romeo, em seu escritório envidraçado, desenha uma estratégia de marketing. Carla planeja seus novos investimentos vendo a cidade do alto. Um jogo de tabuleiro. Uma imagem de futuro. Um projeto de cidade.

 

FILME DE ABORTO

DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 63MIN22, SP, 2016

Direção: Lincoln Péricles

Proletária e proletário refletem sobre seus trabalhos e lidam com uma impossível gravidez.

 

ÍNDIOS ZORÓ – ANTES, AGORA E DEPOIS?

DOCUMENTÁRIO, COR, DCP, 70MIN, PE, 2015

Direção: Luiz Paulino dos Santos

Em 1982, Luiz Paulino dos Santos realizou o curta documental Ikatena? Vamos Caçar (registro poético do Povo Zoró). 30 anos depois ele retorna e reencontra os Zoró, agora evangelizados.

 

JOVENS INFELIZES OU UM HOMEM QUE GRITA NÃO É UM URSO QUE DANÇA

FICÇÃO, P&B, DCP, 125MIN, SP, 2016

Direção: Thiago B. Mendonça

Pra começar de novo é preciso destruir.

 

TAEGO AWA

DOCUMENTÁRIO, COR, DCP, 70MIN, GO, 2016

Direção: Marcela Borela e Henrique Borela

Cinco fitas VHS encontradas na antiga Faculdade de Comunicação da UFG disparam o desejo desse filme. Anos depois, munidos de mais imagens fotográficas e audiovisuais vamos ao encontro dos Ãwa, levar essas imagens para serem vistas, e discutir a possibilidade de um filme ser feito. Mais imagens surgem desse encontro.

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