DE GRAÇA

Mostra em BH exibe pela primeira vez no Brasil cópias restauradas de filmes com Zé do Caixão

Ingressos serão distribuídos meia hora antes de cada sessão na bilheteria do Cine Humberto Mauro

Do HOJE EM DIA
portal@hojeemdia.com.br
03/10/2024 às 08:00.
Atualizado em 03/10/2024 às 08:02

Fruto do maior projeto de restauro do cinema brasileiro, programação centrada na filmografia de José Mojica Marins terá textos exclusivos e filmes na plataforma CineHumbertoMauroMais, especialistas convidados, maratona à noite e palestra inédita (Divulgação)

“O Estranho Mundo de Zé do Caixão” chega ao Cine Humberto Mauro de uma forma nunca antes vista no Brasil. De hoje (3) a 10 de outubro, dez produções de José Mojica Marins poderão ser vistas na tela do cinema do Palácio das Artes, em cópias restauradas (DCP – 4K) que serão exibidas pela primeira vez em território nacional. Os ingressos para as sessões poderão ser retirados, de graça, a partir de meia hora antes de cada exibição - exceto no caso dos três últimos filmes da “Maratona Cadavérica”, para a qual a entrada única estará disponível na plataforma Eventim, a partir do meio-dia do dia 4, sexta-feira.

Parte essencial da obra do cineasta, os longas-metragens dos anos 1960, 1970 e 2000 são reavivados no ano em que seu personagem mais icônico completa seis décadas desde a primeira aparição nas telas. Fruto do maior projeto de restauro do cinema brasileiro, a programação centrada na filmografia de Mojica terá textos exclusivos e filmes na plataforma CineHumbertoMauroMais, especialistas convidados, uma maratona cinematográfica noite adentro e, ainda, uma palestra inédita.

Em ambiente virtual, serão disponibilizados textos inéditos sobre a obra do diretor – escritos por Crounel Marins (filho do cineasta) e pelos críticos e pesquisadores Ewerton Belico, Beatriz Saldanha, Marcelo Miranda e Ivan Cardoso. Também estarão na plataforma, entre 1º e 15 de outubro, as versões restauradas dos filmes “À Meia-Noite Levarei Sua Alma” (1964) e “Esta Noite Encarnarei no teu Cadáver” (1967), os dois primeiros capítulos da trilogia clássica protagonizada por Zé do Caixão, além do curta “Mojica na Neve: Esta Noite Encarnarei em Sundance” (2001), documentário em curta-metragem que retrata um pouco da intimidade do pai do terror brasileiro.

Na abertura da mostra, nesta quinta (3), às 19h, o público terá a oportunidade de conferir uma sessão especial do clássico “O Despertar da Besta” (1970), comentado por Crounel Marins e por Carlos Primati – crítico e pesquisador especializado em cinema fantástico. Destaque também, no segundo dia da mostra, para a “Maratona Cadavérica”, que seguirá até a madrugada, com sessões apresentadas também pelo filho de Marins e por Primati.

Dentro desta maratona, e como complemento à programação, haverá ainda uma atividade formativa especial: Paulo Sacramento, coordenador técnico e artístico do restauro dos filmes de Mojica, irá oferecer uma palestra em primeira mão sobre as possibilidades técnicas atualmente disponíveis para o restauro de filmes antigos, além de apresentar um panorama sobre as dificuldades e resultados alcançados no projeto específico dos filmes do realizador brasileiro.

A reencarnação de um ícone do cinema nacional

A restauração dos mais emblemáticos filmes de José Mojica Marins teve o envolvimento de diversos atores. As latas com os negativos originais das obras estavam na Cinemateca Brasileira. O custeio do processo ficou por conta da empresa britânica Arrow Films, que, no início de 2024, lançou uma caixa com discos em formato Blu-ray nos Estados Unidos e no Reino Unido.

Já o restauro propriamente dito aconteceu em solo brasileiro, ao longo dos anos de 2022 e 2023, nos laboratórios da CineColor (São Paulo). O trabalho foi feito sob coordenação técnica e artística de Paulo Sacramento, produtor e montador de “Encarnação do Demônio”.

A estreia dessas versões no Brasil acontece no Cine Humberto Mauro, local que já recebeu Mojica como comentarista em 2013, durante a mostra “Hitchcock é o Cinema”. “Sediar a primeira exibição pública no Brasil das cópias restauradas das obras do José Mojica Marins é uma grande honra para o Cine Humberto Mauro e para a Fundação Clóvis Salgado”, afirma Vitor Miranda, gerente de Cinema da instituição e programador da sala.

“Mojica era um artesão cinematográfico, alguém profundamente comprometido com a sua arte. Ele não apenas dirigiu e atuou, mas também se envolveu profundamente na criação dos cenários, figurinos e efeitos especiais de seus filmes, que são conhecidos pela capacidade de provocar e perturbar. A mostra em sua homenagem, ao disponibilizar as produções restauradas de forma gratuita e evocar novos pensamentos e olhares sobre a sua obra, busca promover uma chance de reavivar e democratizar a experiência sombria, criativa, fascinante e provocativa despertada pelo cinema desse autor brasileiro”, explica Vitor Miranda.

Não é exagero dizer que Zé do Caixão, já pertencente ao folclore brasileiro, é também uma das figuras mais enigmáticas do cinema mundial. Trata-se de um personagem que provoca tanto a essência da moralidade quanto da estética, que se confunde com seu criador, e que moldou um universo singular através dos filmes que estrelou. Daí se explica, segundo Paulo Sacramento, o esforço conjunto para trazer de volta à vida, em qualidade inédita, parte essencial da obra de Mojica centrada em seu principal personagem.

“Desde que produzi o filme ‘Encarnação do Demônio’, surgiu a demanda no exterior por cópias de maior qualidade de seus filmes antigos. Realizar o restauro era uma prioridade, mas os custos proibitivos e a ausência de incentivos ou editais no Brasil voltados a esta atividade protelaram a realização deste trabalho por quinze anos. Em 2022, através da distribuidora internacional One Eyed Films, que representa a obra do Mojica no exterior, conseguimos junto à Arrow Films, uma grande empresa do Reino Unido, uma venda casada que previa o restauro de nove filmes realizados entre os anos de 1964 e 1978, que, juntamente com ‘Encarnação do Demônio’, compõem o principal da obra do Mojica”, relembra Sacramento.

A mostra no Cine Humberto Mauro dá o pontapé na exibição destes restauros no Brasil em telas de cinema, projetados na melhor qualidade possível. Nos próximos meses e em 2025, a mostra será exibida em outras capitais do país. Também no ano que vem, os filmes restaurados deverão ser lançados em DVD e Blu-ray no Brasil, conforme conta Paulo Sacramento. “Há muito interesse de festivais no exterior e certamente esses DCPs rumarão para lá em breve”, adianta o coordenador de restauro.

A mostra “O Estranho Mundo de Zé do Caixão” é realizada pelo Ministério da Cultura, Governo de Minas Gerais, Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais e Fundação Clóvis Salgado. A ação é viabilizada por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Governo Federal, Brasil: União e Reconstrução. As atividades da Fundação Clóvis Salgado têm Patrocínio Master da Cemig e do Instituto Cultural Vale, Patrocínio Prime do Instituto Unimed-BH e da ArcelorMittal, Patrocínio da Vivo e correalização da APPA – Cultura & Patrimônio. A mostra “O Estranho Mundo de Zé do Caixão” conta com recursos da Lei Paulo Gustavo em Minas Gerais (LPG-MG).

Serviço:

Mostra “O Estranho Mundo de Zé do Caixão”
Data: 3/10 a 10/10
Horários: Variáveis
Local: Cine Humberto Mauro – Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1537, Centro, Belo Horizonte)
Classificações indicativas: Variáveis
Entrada gratuita, com retirada de ingresso a partir de meia hora antes de cada sessão, na bilheteria do cinema
Informações para o público: (31) 3236-7400 ou www.fcs.mg.gov.br

Leia mais:

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por