Pressionado pelos prazos de estreia de "Se7 Aberto", o Movasse não teve o tempo devido para exibir "Nowhereland, Agora Estamos Aqui" todas as vezes que gostaria. Desde as duas sessões de pré-estreia em Mariana, em setembro de 2012 – e só ali pela primeira vez se articulavam todas as contribuições artísticas que viabilizaram esta viagem do coletivo de dança pelo admirável universo do cineasta Tim Burton –, o espetáculo foi mostrado apenas em mais duas oportunidades, ambas em BH.
A sessão única desta sexta-feira (21), no Sesc Palladium, é a quinta de uma carreira que promete ser longa e em breve se estende ao Nordeste. É hora de vê-lo.
"É um espetáculo ainda em fase de crescimento, um bebezinho, só a partir de agora ele começa a se fortalecer das suas próprias ideias", saúda Carlos Arão, um dos quatro bailarinos-criadores do Movasse.
"Toda criação ganha contornos definitivos após a estreia, ao travar contato com o público. Durante os ensaios, quem cria fica tão focado no modelo, na montagem, que só depois começa a entender melhor o que fez".
Dirigido por Sônia Mota e tão calorosamente desejado que prescindiu de auxílio de lei para estar de pé, "Nowhereland" será visto hoje graças ao Prêmio Cena Minas. Também foi contemplado pelo Prêmio Myriam Muniz/Funarte para circular por três estados do Nordeste, região que pouco visita – embora dois dos bailarinos, Arão e Andréa Anhaia, sejam nordestinos.
Para oferecer a oportunidade de levar dança contemporânea tanto a quem já a conhece quanto a quem a conhece pouco, a turnê inicia agora em julho, por Natal e Mossoró, no Rio Grande do Norte. Em outubro, chega às capitais e a cidades do interior de Pernambuco, Bahia e Paraíba. Em todas, propõe uma oficina de técnicas de dança contemporânea e aquecimento de bailarinos.
O espetáculo deve ainda participar de uma mostra sobre vida e obra de Tim Burton, em São Paulo. Haveria grande interesse pelo alcance do cineasta americano, que recém-mereceu megaexposição alemã.
Por seu turno, "Play List", um dos três trabalhos do coletivo em repertório neste momento, está convidado a também ser visto durante a turnê nordestina. Em Natal, João Pessoa e Areia/PB, cidade histórica, montanhosa e friorenta, semelhante a Mariana, que este ano retoma o importante festival de artes cênicas que realiza há décadas.
Vídeo e movimento
Já "Se7 Aberto", trabalho mais recente, cumpre a derradeira das seis sessões gratuitas de lançamento: às 12h30 da próxima sexta, dia 28, no hall do Oi Futuro/Klauss Vianna.
É fruto das experiências que o Movasse pratica desde 2006, quando Arão, Andréa, Ester França e Fábio Dornas deixaram o 1º Ato pela efetivação do coletivo e principiaram a pesquisar as possibilidades do movimento e da imagem em vídeo. O interesse gerou "Imagens Deslocadas", depois "Move Post", cujos temas mais constantes (natureza, urbano, sentimentos) emergiram de vídeos de outros criadores e são aprofundados em "Se7 Aberto".
A versão teatral de um sucesso do cinema
Marcelo Serrado encabeça o elenco de "Rain Man", atração do Palácio das Artes, sábado (22) e domingo (23). José Wilker dirige esta versão teatral do filme homônimo, Oscar de 1989. A peça é sucesso de público pelo mundo, por isso também seria montada no Brasil. Após a sessão de domingo, o público poderá participar do debate "Teatro e Transformação", mediado pelo gestor cultural Expedito Araújo. Participações dos seis atores do elenco e da doutora Andrea Maciel, representante da Associação Brasileira de Terapia Familiar. Marcelo responde às perguntas a seguir.
De quem foi a ideia de montar este texto e por que motivo ele foi lembrado agora, tanto tempo depois do filme?
Fui convidado pelos produtores.
A performance comercial do filme deve muito à presença de Dustin Hoffman e Tom Cruise no elenco. A peça também teve sucesso de público fora do Brasil?
Ela é sucesso no mundo inteiro. O texto é muito bom.
Você acha que a lembrança do filme ajuda a levar público à peça ou você e a Fernanda Paes Leme, atores globais, são mais chamativos?
Tem gente que nasceu bem na época do filme e vai ver a peça agora. Acho que o texto e a montagem são bons, por isso o público vai. A peça é sempre atual.
Você vem de dois trabalhos muito lembrados na TV, como um gay e um machão. Como chegou a um personagem tão distante de qualquer traço de sexualidade?
Ator faz isso. Vai de A a Z.
Que aspectos a direção de José Wilker potencializa ou torna melhor o que o texto e o enredo já trazem?
Wilker é grande ator e diretor e soube nos dar alma para as personagens, nos mostrou o melhor caminho.
Já que a peça aborda o autismo e já que vivemos um período de manifestações de protesto nas ruas do país, em que medida você acredita que os artistas deveriam participar de manifestações públicas ou emprestar seu prestígio a elas?
Com certeza. Na maneira de cada um.