Não seria de estranhar que, daqui a 20 anos ou menos, comece um culto ou grande interesse pelo “universo” dos destemidos e rebeldes motoristas pés na tábua da franquia “Velozes e Furiosos”, cujo oitavo filme estreia hoje nos cinemas. Cada vez mais eles se aproximam de heróis autênticos, como Luke Skywalkers defendendo o planeta do Mal. Se antes eram apenas outsiders, fugindo das convenções em pegas com carros turbinados, agora são representantes de bons valores. O Toretto (Vin Diesel, cada vez mais canastrão) desse episódio é exemplo disso: a única forma que a vilã (Charlize Theron) tem para controlá-lo é ameaçando a sua família, obrigando-lhe a roubar armas nucleares e enfrentar seu “time” de amigos. Mal comparando, seria como o momento em que Anakin mata seu pai Han Solo em “Star Wars”, já que Toretto sempre foi um paizão, adotando seus colegas de volante como uma grande família, característica que vem se acentuando ao longo da série. E justamente por essas relações que foram criadas desde o primeiro episódio, “VF 8” acaba sendo uma obra para iniciados. Embora a ação predomine, com pegas em centros urbanos e até sobre o gelo, muitas situações só serão bem compreendidas por quem já acompanha. Um exemplo disso são as muitas referências a Brian – personagem de Paul Walker, ator falecido num acidente automobilístico em 2013. De maneira indireta, Brian está presente também em “Ninguenzinho”, como é apelidado o tira vivido por Scott Eastwood. Ele é o tira idealista, que tenta fazer tudo ao pé da letra, como era Brian no início da série. E acaba entrando em choque com o time, expediente muito recorrente no filme, calcado em vários enfrentamentos como esse, que são garantia de boas doses de humor. O grandalhão Dwayne Johnson, que entrou no elenco a partir do quinto capítulo, e Jason Statham, que era um terrorista no filme anterior, ficam se “jurando” em boa parte do tempo. Enquanto Tyrese Gibson e Ludacris disputam as atenções da bela Nathalie Emmanuel (de “VF 7”). A trama, por sinal, desdobra alguns acontecimentos do penúltimo longa, como as menções a Jakarde (terrorista somali) e ao programa “Olho de Deus”. Kurt Russell, que repete os chefes engraçadinhos de agências americanas, também apareceu no sétimo filme. Por sinal, a entrada de Russell reforça a ideia de direcionar a franquia para um perfil próximo aos filmes de super-heróis, em especial “Os Vingadores”, com preocupações cada vez mais planetárias, tendo os carros possantes como principal arma. Em relação aos malabarismos feitos sobre quatro rodas, o exagero é a tônica, ingrediente que os fãs adoram. O maior problema de “VF 8” é seu protagonista, Vin Diesel, cheio de caras e bocas e “engolido” por Charlize quando divide a cena com ela.