Até três anos atrás, Fred Zeroquatro era bem resistente com o formato DVD e a obrigatoriedade que o mercado impôs aos artistas. “Eu tinha muito preconceito, não via muito sentido na coisa. Achava que isso poderia ser um concorrente aos shows, porque a pessoa poderia assistir ao show no conforto de casa, com home theater e tecnologia”, afirma.

Mas, felizmente, o artista que foi uma das principais cabeças por trás do Movimento Manguebeat reviu seus conceitos e o primeiro DVD do Mundo Livre S/A , “Mangue Bit Ao Vivo”, chega às lojas por meio da Coqueiro Verde.

“Há três anos, fomos trabalhar com uma produtora bem conceituada e começaram a chamar a minha atenção para um outro lado”, diz Fred. “Hoje entendo que, se o DVD fosse um concorrente, ninguém pagaria caríssimo para ir ao estádio ver o Barcelona. Ia preferir ver aquelas transmissões com câmeras de alta qualidade”.

Compilação

“Mangue Bit” é mais do que um DVD, mas também a primeira grande compilação do Mundo Livre, com músicas de todos os oito álbuns da banda – além da nova “Loló Luiza”.

Também traz uma mudança estética para uma banda que não tinha grande preocupação com cenografia. Agora, todos os shows feitos pelo Mundo Livre contam com telão e projeção de ilustrações do artista plástico Derlon Almeida. “Demos uma amadurecida no repertório e caprichamos mais com a coisa visual. Admito que a gente estava relaxado nesse ponto”, diz Fred. 

Coletivo

A banda tentou fazer o DVD com recursos do Funcultura (lei de incentivo de Pernambuco), mas não conseguiu aprovação. Partiu, então, para o crowdfunding e conseguiu os recursos junto aos fãs. 

Em troca, o Mundo Livre deu grande destaque ao público presente no Sesc Belenzinho (São Paulo), onde foi gravado o DVD. “No planejamento, pedi para que duas câmeras ficassem focadas no público. Afinal, só conseguimos consolidar nosso trabalho, depois de tanto tempo de estrada, porque temos um público muito diferenciado”, diz Fred, adiantando que a banda deve trazer o novo show a Belo Horizonte em junho ou julho.