(MIGUEL AUN/DIVULGAÇÃO)
Quando não era um caderninho que carregava no bolso, Vander Lee já soltava suas ideias num gravador portátil. Foi assim até o cantor mineiro falecer em 2016, em consequência de um infarto. Ele deixou muito material inédito, em papel ou gravações caseiras, feitas com voz e violão.
Um arquivo que começa a ser aberto para o público no dia 3 de março, data que Lee completaria 55 anos. Composta entre 2000 e 2001, a canção “A Vida Não São Flores” será disponibilizada nas plataformas digitais, acompanhada de um lyric video, que exibe o manuscrito original do artista.
“Escolhemos essa música porque tem uma letra que dialoga muito com o que esta turbulência que estamos vivendo por causa da pandemia. Originalmente foi gravada em voz e violão, mas fizemos uma produção e incluímos outros instrumentos”, observa Regina Souza, casada com Lee por 14 anos e uma das administradoras do acervo.
Essa interferência, como Regina prefere definir, foi feita com todo cuidado, cercada por profissionais que trabalharam com o músico. Entre eles estão Enéias Xavier, diretor musical dos dois últimos álbuns de Lee, e Felipe Fantoni, ex-parceiro de palco que assina a produção musical de “A Vida Não São Flores”.
O início desta abertura de baú é visto por Regina como uma homenagem aos fãs. “Esperamos a poeira baixar para que o tempo amenizasse a dor e ficasse a saudade”, explica. Integrantes da administração do acervo, os três filhos de Lee, Lucas, Laura e Clara Catarina, participam como consultores.
“Tem muita fita cassete e textos espalhados. É preciso fazer um inventário deste material todo, que é composto por fitas, filmes, CDs e papéis. Ele deve ser feito de forma minuciosa”, afirma Regina, que trabalha o legado do músico na forma de um grande projeto.
Outro desdobramento será o lançamento de um CD tributo, que já está com “meio caminho andado”, com participações de Chico César, Mauricio Tizumba, Paulinho Moska e Zeca Baleiro. Eles estiveram presentes no show de lançamento póstumo do DVD “20 anos”, apresentado em Belo Horizonte e São Paulo entre 2017 e 2018
Um documentário também está nos planos da família, para aproveitar a grande quantidade de imagens caseiras e exibidas na TV do artista. “A Rede Minas tem muita coisa com ele e já ofereceu o material. Durante o tempo que fomos casados, também registrei muita coisa”, ressalta.
Neste ano ainda será lançado o álbum “Canta Vander Lee”, de Laura Catarina, que irá interpretar as canções do pai. A Orquestra Ouro Preto prepara concerto com uma leitura para música clássica de “No balanço do balaio”, segundo disco de carreira de Lee.
Regina também toca o projeto de um livro de poesias. “Muito tempo atrás, estava vendo os escritos dele e disse que soavam como poesia. Acabei separando algumas e mostrando para ele”, adianta. Outras músicas inéditas serão lançadas gradualmente nas plataformas digitais.