Naruto é sucesso nas bancas, no cinema e entre cosplayers de BH

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
07/06/2015 às 09:46.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:22
 (Big Boss Produções/divulgação)

(Big Boss Produções/divulgação)

Quando veste as roupas orientais do ninja Sasuke, a sensação de Ricardo Assis não é muito diferente do personagem da animação “Naruto”, imaginando possuir forças sobrenaturais para enfrentar qualquer dificuldade.   Um dos mais ativos cosplayers de Belo Horizonte, Ricardo já foi Coringa e Obi-Wan-Kenobi em feiras e festas de aniversário, mas seu maior prazer é recriar cenas de um dos mais famosos desenhos japoneses da atualidade.   Antes de o primeiro filme ser lançado no país (“The Last Naruto”, em cartaz nos cinemas), Ricardo e seus amigos já trocavam golpes “mortais” numa Praça da Liberdade que reproduzia o Japão feudal do tempo dos    Fidelidade   “Prefiro fazer cosplay de animação porque o visual é mais mágico. Figurinos únicos são um desafio para serem feitos”, registra Ricardo, que trabalha como modelo, animador de festas e recepcionista em clínica de medicina estética, além de estudar Administração.   O resultado dessas experiências audiovisuais caseiras pode ser conferido em seu canal no YouTube. Como ele mesmo assinala, os filmes não contam com o orçamento generoso de Hollywood, destacando-se mais pela fidelidade. “Como gosto de atuar, é uma forma de extrapolar essa questão do cosplay. Assim como nos desenhos e nos mangás, há lutas violentas, espadas e efeitos especiais, mostrados de forma satisfatória”, avalia o modelo de 31 anos.   Há romance também, encenado geralmente em parceria com a esposa Thais Cruz. “No início, quando a gente ainda namorava, ela fazia cosplay para me agradar, mas hoje criou gosto por isso, fazendo os nossos figurinos”, confessa.   Amizade   A paixão não se resume às vestimentas diferentes. Ricardo sublinha às mensagens das histórias, que enaltecem o valor da amizade – tema principal do seu vídeo “Naruto: Amizade Além do Ódio”. A diferença nas criações de Ricardo é que Naruto não é o protagonista, mas sim o companheiro Sasuke. A troca é justificada por uma simples questão de empatia: “O Naruto é alegre demais. Não combina comigo”, diverte-se Ricardo, que escreve e dirige todas as produções.   Carlos Eduardo Almeida - Dono de banca tomou gosto pela leitura de quadrinhos (Foto: Cristiano Machado/Hoje em Dia)   Febre do mangá começa com ‘Dragon Ball z’    A banca Glória, na avenida Afonso Pena, em plena Praça 7, na região central de Belo Horizonte, é um dos principais pontos de encontro de fãs de mangás, as histórias em quadrinhos japonesas que se transformaram em febre no país desde 2000, quando a editora Conrad lançou “Dragon Ball Z” no formato original – ou seja, leitura de trás para frente.   Partiu de um dos proprietários, Carlos Eduardo de Almeida, a ideia de apostar no gênero, que representa cerca de 40% do que impresso na ilha oriental. “Na época, entramos em contato diretamente com as editoras para fazer o nosso cadastro, pois as distribuidoras daqui não forneciam material na quantidade adequada”, recorda.   Carlos Eduardo tinha 17 anos quando os primeiros mangás chegaram à banca. Começou a ler para entender mais sobre o produto que estava vendendo e logo tomou gosto pelo formato. “O mangá tem início, meio e fim. Não fica perdido como acontece no caso dos super-heróis da Marvel e da DC, que gera tantos mundos e reboots que fica tudo muito vago”.   Erotismo   Ele define o estilo de desenho dos mangás como mais limpo e detalhado. Em relação ao conteúdo, enaltece a diversidade de temas, não ficando limitado ao combate entre mocinhos e vilões. “Você tem comédia, romance, lutas e, dependendo do mangá, um pouquinho de erotismo”, registra.   E quem curte mangás invariavelmente gosta também dos animes (as animações japonesas), boa parte deles adaptados das revistinhas japonesas. “Naruto”, por exemplo, foi publicado em 1999, pela editora Shueisha, e o primeiro desenho estreou na televisão (TV Tokyo) apenas três anos depois.   “Uma das diferenças entre mangá e anime é a liberdade de conteúdo, mais restrita no caso do segundo. Muitas cenas dos mangás são curtas quando viram desenho. No Japão, alguns títulos de mangás só podem ser comprados por quem tem 16, 18 anos. No Brasil, essa classificação é, em média, de 14 anos”, observa Carlos Eduardo.   Almanaques   No outro lado do planeta, a concepção de revistinha é muito distinta. As histórias têm um capítulo publicado por vez, com periodicidade semanal ou quinzenal. O curioso é que não há um título exclusivo para cada personagem. As editoras lançam almanaques de até 500 páginas, que reúnem mais de 20 séries diferentes.   epois de um determinado número de capítulos, aí sim, todas as histórias são republicadas num mesmo volume, voltado para colecionadores, que lá ganha o nome de tankohon, modelo adotado na versão brasileira.   Naruto e Hinata em ações heróicas em prol do planeta

Entrar no universo dos animes pela primeira vez, a partir de “Last Naruto”, é como enveredar pelo mundo da Terra-Media de J. R. R. Tolkien assistindo a “O Retorno do Rei”, o terceiro filme da trilogia “O Senhor dos Anéis”.

Há uma gama de informações e nomenclaturas, envolvendo clãs e fatos históricos, que o melhor a ser feito é deixar de lado esse quebra-cabeça temporal e se concentrar no essencial: as lutas e o romance entre Naruto e Hinata.

Fiapos

A história do casal se segura pelo o que tem de mais japonês, misturando humor leve e drama em desencontros amorosos e sacrifícios pessoais. O cachecol que Hinata costura para o amado é muito simbólico, resistindo até virar um monte de fiapos.

Esse amor é várias vezes testado, abalado principalmente por um ser poderoso que toma Hinata como sua esposa enquanto pretende destruir o planeta. A vitória virá com uma união tão forte quanto os fios do cachecol.

Apesar de os desenhos não se equipararem ao detalhismo de uma Disney, com a repetição de cenários de fundo e limitação das expressões dos personagens, há ousadia de enquadramento e na abordagem dos temas, que dialogam com as diversas faixas etárias.

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