Ney Matogrosso chega aos 40 anos de carreira e 71 de vida, com corpinho de 30, cantando nos graves como nunca, mas mantendo os típicos agudos e, de quebra, aproveita para lançar "uma pá" de artistas novos, sem contar a vontade de gravar um disco com canções de Roberto Carlos. Ufa! É nesse pique que o intérprete chega a BH para apresentar o show "Atento aos Sinais" no Palácio das Artes, nesta sexta (10) e sábado (11), às 21 horas, e domingo (12), às 19 horas. Ingressos já esgotados.
Mostrará toda essa vitalidade e... impulso. Sim, a intuição primordial, desde os tempos de Secos & Molhados, vem daí. "É o impulso. Começou ali e ainda não estacionou. Ainda não se perdeu. Pode ser que uma hora se perca", diz ao Hoje em Dia.
Mesmo que a ameaça do ponto final seja concreta, o cantor diz que está preparado para quando ele chegar. "Eu entendo que vai chegar essa hora. Inevitavelmente. Mas acho que vai chegar muito mais tarde do que normalmente chega para a maioria das pessoas, especialmente na minha idade".
Por enquanto, ele avalia que não vê obstáculo algum na voz.
Fonte da juventude
Enquanto isso, Ney vai bebendo na fonte da juventude musical e dando sua cor para composições de novos artistas. "Muitas bandas e compositores novos e desconhecidos, misturados com Paulinho da Viola, Caetano Veloso. Tem três do Itamar Assumpção, duas do Vitor Ramil", revela o cantor. No novo show, que ainda não tem CD e/ou DVD – costume do sabido Ney, que há vários anos opta por testar as canções junto do público, para depois registrá-las – estão canções de nomes como Criolo. Ney conheceu o maior astro do bairro do Grajaú, em São Paulo, quando protagonizava a filmagem de "Luz nas Trevas: A Volta do Bandido da Luz Vermelha", no qual Criolo fez participação.
"O Freguês da Meia-Noite" foi a música escolhida para este show. Ela diz: "Meia-noite/ Num frio que é um açoite/ A confeiteira e seus doces/ Sempre vem oferecer/ Furta-cor de prazer/ E não há como negar/ Que o prato a se ofertar/ Não a faça salivar". A cara de Ney – concordaram ambos, e até mesmo a mãe de Criolo, que conheceu o músico em um show do filho.
Padrinho de jovens compositores
Mais outros nomes novos no show?
Estou cantando a música "Não Consigo", da banda Tono, do Rio. Tem ainda música "Pronomes", de uma banda chamada Zabomba, de São Paulo. Do cantor Vitor Pirralho, que é de Maceió, uma que se chama "Tupi Fusão". O nome do show também vem da música de um iniciante – Dani Black, que é filho da cantora Tetê Spíndola.
Como chega a esses artistas?
Pela internet. Me dão muito disco quando estou viajando. E eu ouço. Mas escolho sempre o que será compatível comigo. Tem muita coisa que eu gosto, mas que não é compatível com minha maneira.
Você já gravou disco homenageando Chico Buarque, Cartola. Já pensou em fazer algo com o repertório de Roberto Carlos?
Aaah, tanta gente já fez isso...
Mas você ainda não.
Olha, já pensei. Mas o Lulu acabou de fazer. Aí, não dá para eu fazer. Estava nos meus planos. Mas agora distanciou.
Imagine, você cantando "Detalhes"... Qual seria a fase do Rei que é "compatível" com você?
Eu gosto mais daquelas dos anos 1970, mais românticas. Tenho uma música dele no show anterior: "A Distância".
Você ganhou capacidade de cantar nas notas graves?
Para mim é bom, porque não perdi os agudos.
"Papai do Céu" é muito generoso com você, hein?
Eu agradeço (risos).