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Sobra preocupação com a indefinição de políticas públicas para o setor. Falta verba. No dia do cinema brasileiro, não há muitas razões para festejar: a atividade vive o pior momento desde 1991, quando menos de uma dezena de filmes foi lançada.
Os filmes continuam chegando às salas, mas as perspectivas para o futuro não são boas, com o fim de recursos da Petrobras e do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES) para a área cinematográfica e a paralisação da Agência Nacional de Cinema (Ancine) –após o Tribunal de Contas da União (TCU) detectar irregularidades na prestação de contas de várias produções.
“Por mais que as obras ganhem reconhecimento interno e externo, este trabalho acaba sendo prejudicado pela falta de políticas permanentes”, lamenta Cláudio Constantino, produtor e membro da Câmara da Indústria, da Comunicação e do Audiovisual da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).
“O cinema brasileiro acaba vivendo de ciclos, o que dificulta um planejamento a longo prazo”, observa.
Constantino destaca que o cinema é uma das ferramentas mais importantes da economia criativa, responsável por gerar milhares de empregos, o que serviria para derrubar a tese de que é preciso cortar incentivos para o setor por conta da crise econômicaApesar de a Lei do Audiovisual, aprovada no ano passado, não ter sido colocada em prática ainda, ele aguarda que o governo estadual compreenda a possibilidade de o modelo se tornar uma referência nacional.
Desolação
“É triste o momento que vivemos”, registra o produtor Breno Nogueira, diretor do Sindicato da Indústria Audiovisual de Minas Gerais (Sindav/MG).
“Ver toda uma política pública que vinha dando certo ser paralisada é desolador. Quando falo ‘dando certo’, basta lembrar as participações brasileiras em importantes festivais do mundo e o aumento vertiginoso da participação de produções nacionais nas grades da televisão paga”.
Além da produção de filmes em si, a retirada ou diminuição de recursos também prejudica setores como o de difusão, com o circuito de festivais.
“Minas Gerais possui um dos mais importantes e diversificados circuitos de festivais audiovisuais no Brasil. Hoje, a gente vive um momento muito delicado, com os festivais mais tradicionais passando por problemas”, registra Daniela Fernandes, representante do Fórum dos Festivais.
Atualmente, a entidade está fazendo um diagnóstico do setor a fim de criar estratégias que levem a outras fontes de financiamento.
“Queremos ver o que pode ser feito diante deste cenário no curto e médio prazos. A gente quer sentar com o governo e chegar num denominador comum para que esses festivais não morram”, adianta Daniela, que também integra a Câmara da Indústria, da Comunicação e do Audiovisual da Fiemg.