Nos 35 anos de morte de Lennon, fãs dizem porque “Imagine” se tornou um hino

Thais Oliveira - Hoje em Dia
08/12/2015 às 09:09.
Atualizado em 17/11/2021 às 03:15

(Arquivo Hoje em Dia)

“Imagine todas as pessoas vivendo a vida em paz. Você pode dizer que eu sou um sonhador, mas eu não sou o único. Espero que um dia você se junte a nós e o mundo será como um só”.

O aniversário, hoje, é de morte – afinal, são nada menos que 35 anos sem John Lennon. No entanto, é sobre perpetuidade que viemos falar. Isto porque os versos citados, tecidos pelo ex-beatle para a já clássica “Imagine”, se tornaram parte de uma espécie de “hino eterno” – inclusive, os adjetivos “atemporal” e “atual” foram os mais empregados pelos fãs do ícone britânico ouvidos pela reportagem do Hoje em Dia sobre a composição. Vale dizer que a canção foi lembrada por um pianista alemão para ser executada em frente à casa de shows Bataclan, em Paris, um dos locais-alvo dos terroristas do Estado Islâmico que empreenderam uma série de atentados na cidade-luz, mês passado, matando, ao todo, 130 pessoas.

“Imagine” também foi o nome escolhido para o concerto em homenagem a Lennon, realizado neste final de semana, no Madison Square Garden, em NY, e que contou com nomes como Sheryl Crow.

Marca

Lançada há 44 anos, “Imagine” é, sem dúvida, uma das maiores marcas da trajetória de Lennon. “Talvez, simbolize a carreira dele inteira, pois todos a conhecem. É uma das músicas mais importantes de todos os tempos”, considera o cantor e médico Aggeu Marques – o idealizador da “BH Beatle Week”, que acontece entre os dias 10 e 13 de dezembro (leia mais http://www.hojeemdia.com.br/almanaque/bh-beatle-week-chega-a-4-edic-o-nesta-quinta-feira-1.365327).

Em termos de composição, Aggeu diz que Lennon conseguia abordar de forma “mais completa” o contexto social do homem. “Ele dizia para imaginarmos um mundo sem divisões (políticas, religiosas, geográficas...). É uma utopia, claro, mas ‘imagine’ cada um com o seu ‘pedaço’ igual, sem essa coisa de ‘pouco para muitos’ e de ‘muito para poucos’?”, completa.

Já para o cantor, guitarrista e compositor Affonsinho, “Imagine” é um “hino da paz”. “Esta música é maravilhosa, fala sobre união entre as pessoas e nações, caridade, tolerância... É eterna, sua mensagem é atemporal. Lennon fez uma música romântica, que sempre será atual”, avalia.

-“Esta não é uma música ‘de época’, que daqui a alguns anos pode parecer datada” - AFFONSINHO, MÚSICO
 
Comparado a Jesus

A herança musical do ex-beatle também é comparada a outras de grandes pensadores da história. “‘Imagine’ traz grandes mensagens, como algumas de Martin Luther King e de Gandhi. Têm o mesmo peso, pois a compreensão do mundo que Lennon fez é perfeita”, pontua Aggeu.

Affonsinho vai além: “é como o que Jesus falava: ‘amarmos uns aos outros’. Enquanto tiver a humanidade, o que Jesus falou há mais 2 mil anos continua atual. Tudo o que Lennon falou nesta letra é presente ainda hoje desta mesma forma”, compara.

Assista ao clipe de “Imagine”:

 


‘Imagine’ é lembrada em meio a tragédias mundiais

No mundo sonhado por John Lennon em “Imagine”, o ideal seria que não houvesse mais “nenhum motivo para matar ou morrer”. Talvez, por pregar ideologias como esta, a letra é ativada no imaginário mundial em momentos totalmente adversos à paz. Exemplos recentes, como o trágico rompimento da barragem em Mariana e o recente atentado em Paris, reverberam a questão.

No caso da cidade-luz, o pianista Davide Martello usou a música para prestar homenagem às vítimas apenas um dia após o ataque, ou seja, no dia 14 de novembro. A escolha do local não foi aleatória: foi no Bataclan que estavam a maioria das vítimas. A mesma canção foi lembrada pela banda Pearl Jam em turnê pelo Brasil. Quando passou por Belo Horizonte, em 20 de novembro, Eddie Vedder e cia dedicaram o cover às vítimas de Mariana.

Para Beto Arreguy, guitarrista da Hocus Pocus – banda que homenageia os Beatles –, a música é lembrada em situações como estas porque Lennon tinha a capacidade de sintetizar o sentimento de paz que o coletivo quer alcançar nestas horas. “O poeta John Lennon expressou uma coisa de caráter universal e atemporal ao desejar que não houvesse motivos para morrer e nem divisões entre países. É tanto uma utopia quanto um desejo sincero de paz”, analisa.

A mesma percepção é compartilhada pelo livreiro Álvaro Gentil. “Quando a música foi composta, estávamos vivendo o conflito do Vietnã e a mensagem de amor e paz permanece, pois a tecnologia e a ciência, por exemplo, avançaram, mas a questão humanitária, em alguns aspectos, regrediu. A música mexe com as pessoas porque fala de tentativas de harmonia entre povos, tema dos dias atuais, marcados por terrorismo e tragédias. Por isto, a sensação é a de que ‘Imagine’ foi composta agora. Esta canção é atualíssima”, conclui.

Mercury e Guinness

Fazendo um manifesto por paz e amor e contra a homofobia, a cantora Daniela Mercury reproduziu a icônica foto que Lennon e Yoko Ono fizeram para a revista Rolling Stone, em 1981. No clique que estampa a capa de seu novo disco, “Vinil Virtual” (Biscoito Fino), lançado em 27 de novembro, a baiana surge nua e abraçada à sua esposa, Malu Verçosa.

E uma curiosidade: no último dia 28, o Chapultepec Park, na Cidade do México, recebeu vários Lennons, além dos outros três Fab Four. Na realidade, os fãs visam bater o recorde mundial de pessoas fantasiadas como Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr. Segundo a secretaria de Turismo, a participação foi registrada por um escrivão e o resultado será enviado ao Guinness para certificação. (*com Agence France Presse)

 

 - A mostra “The Beatles by J.A. – Os 4 cabeludos de Liverpool pelos cartunistas da Jararaca Alegre” abre nesta quarta (9), às 20h, na Urban Arts (Rua Sergipe, 1171).

Veja a galeria com fotos de John Lennon:

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por