Não há aviso pendurado na parede, mas o recado, claríssimo, é dado pelos idealizadores do lugar: aqui, cover não entra. Cansados de buscar um espaço onde pudessem mostrar o som que eles mesmos criavam, três músicos e um amigo se uniram para abrir uma casa noturna onde, para subir ao palco, o pré-requisito é apresentar trabalhos autorais.
O reduto, na rua Alagoas, na Savassi, será aberto amanhã. Promete ser uma boa pedida para as bandas – que antes tinham como opção apenas três ou quatro espaços em Belo Horizonte, pequenos ou grandes demais – e também para frequentadores em busca de originalidade, e não das canções de sempre na voz de outros intérpretes.
O lugar ocupa o endereço do antigo Bar 7 Cumes (aquele que tinha uma parede de escalada) e foi batizado de “Autêntica”. A pretensão é a de que seja “a casa da música de Belo Horizonte”, afirma, sem modéstia, o guitarrista Leo Moraes, um dos entusiastas do empreendimento.
Para o músico Vitor Brauer , integrante da banda Lupe de Lupe, a primeira a dar o ar da graça na casa, o lugar vem para ocupar uma lacuna do mercado.
“Não temos um local de médio porte voltado para o trabalho autoral na cidade. A Autêntica vai ajudar também na formação de público”, avalia.
A banda Lupe de Lupe sobe ao palco amanhã, às 22h, para um show de duas horas, focando o repertório nas faixas de “Quarup”, lançado no ano passado.
O disco figurou em diversas listas dos melhores do ano em 2014. Foi apresentado em São Paulo e até em Curitiba (PR). Agora, pela primeira vez, o set list terá vez na terra natal do grupo.
O cantor e compositor mineiro Nobat é outro artista que comemora a iniciativa. “A produção autoral tem dificuldade de encontrar espaço para se apresentar em BH. Essa casa chega na hora certa”, diz o músico, que se apresenta na Autêntica nesta sexta-feira, às 22h.
Aposta
No meio musical há um consenso de que o cover gera lucro para as casas de show, e o autoral, não. “Queremos testar e provar que isso não é verdade”, pontua Leo Moraes. Integrante da Valsa Binária, ele está à frente do empreendimento com Bernardo Dias (do Vitrolas), Sergio Lopes (produtor do Vijazz, de Viçosa) e Leo Martins (designer). A expectativa é a de que a Autêntica abrace diversos gêneros da música independente, dando voz a grupos locais, e abrigue ainda artistas de outros estados e países.
“Shows de bandas internacionais menores poderão vir para a Autêntica. Queremos promover um intercâmbio musical”, afirma Leo Moraes.
A programação será variada, mas uma coisa é certa: as terças-feiras serão dedicadas ao jazz. “Queremos que os produtores de evento de BH também ocupem o local”, revela.
“Aqui, temos a Obra e a Matriz, que também recebem autoral, mas são pequenas. E o Granfinos, que já é para um público de 800 pessoas. Estamos no meio, com capacidade para receber 300”, justifica Leo Moraes, que atua na área musical há 20 anos e é conhecido no meio artístico por agregar pessoas.