Novo espetáculo do Corpo ganha impulso com gravação de trilha sonora

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
22/10/2014 às 08:28.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:42
 (Miguel Aun/Divulgação)

(Miguel Aun/Divulgação)

São vários takes, entre um si mais baixo e uma percussão um pouco relaxada, até se ouvir o “ok, muito legal” do maestro Fabio Mechetti. Os músicos respondem com batidas nos instrumentos e pés no chão.

É apenas o começo de um longo processo de criação que culminará em agosto de 2015, quando o grupo Corpo subirá ao palco para apresentar seu novo espetáculo, ainda sem título. Aliás, nem mesmo a coreografia está esboçada.

“Por enquanto só tenho besteira”, avisa Rodrigo Pederneiras, coreógrafo da companhia que completará, no próximo ano, quatro décadas de estrada. O que confere um sabor especial ao projeto.

A efeméride é uma das razões para um antigo namoro se transformar em casamento: a parceria do Corpo com a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, “uma das maiores orquestras do Brasil”, segundo Pederneiras.

O coreógrafo estava presente na tarde dessa terça-feira (21), no Teatro Bradesco, para o último dia de gravação da trilha sonora composta por Marco Antônio Guimarães, do grupo Uakti, que já assinou outros quatro espetáculos do Corpo.

“Essa união de grupos de Minas é muito importante para todos nós, fazendo disso um intercâmbio de ideias”, comemora Mechetti, regente titular da Filarmônica, que, pela primeira vez, grava uma música original para dança.

“Já fiz inúmeros ‘Quebra-Nozes’”, registra o maestro, que não esconde a curiosidade com os “acréscimos” de Guimarães após a mixagem do material. É quando entrará em campo os inusitados instrumentos do Uakti.

“A ideia é colocar alguns de nossos instrumentos, mas pouca coisa, para fazer a ligação entre as danças”, revela Guimarães. Se tudo der certo, a trilha será entregue em abril, quando começam os ensaios de dança.

Pederneiras observa que o resultado é muito diferente quando se pensa num trabalho com orquestra. Em seus últimos espetáculos, a encomenda foi feita a nomes da MPB, como Arnaldo Antunes, Lenine e Tom Zé.

CRISTALINO

“Com uma sinfônica é mais trabalhoso. São milhares de notas. Milhares mesmo. Não é um modo de falar”, compara Guimarães, que não tirava o olho da partitura durante a gravação.

O compositor deixou o regente apertado quando perguntou, na frente dos jornalistas, o que ele teria achado de seu trabalho. Mechetti destacou que, por ser pensado para a dança, ele é mais cristalino.

O que está longe de dizer que é mais fácil. “Por ser transparente, qualquer destoar na afinação chama a atenção”, explica. As correções eram feitas também pelo “ouvido” do engenheiro de som Ulrich Schneider.
 

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