O ‘batuque na veia’ de Dona Eliza

Clarissa Carvalhaes - Hoje em Dia
01/03/2014 às 08:43.
Atualizado em 20/11/2021 às 16:22

(Arquivo Hoje em Dia)

É do samba que vem toda a energia de Dona Eliza Pretinha, compositora e intérprete da Velha Guarda de Belo Horizonte. O fôlego, justifica ela, é preservado a ferro e fogo desde menina, quando aos 10 anos de idade fez, ao lado do pai, sua primeira canção: “Cativa Mulata”. Corria o ano de 1958, e a composição foi dedicada à mãe.

“Entre todas canções que fiz, talvez seja ela a que mais goste.embro que, enquanto batucava, meu pai fazia a letra. Hoje, olhando para trás, vejo que não podia ter começado de outra forma. Eles eram muito companheiros, transpiravam um afeto tão profundo que toda canção de amor parecia ter sido feita para os dois”, recorda, com emoção.

Para quem estiver em Belo Horizonte, na próxima segunda-feira, Dona Eliza se apresenta em show repleto de músicas autorais (foram mais de 500 escritas ao longo dos anos) e marchinhas dos bons e velhos anos de folia.

A apresentação acontece na Pampulha. Além dela, que toca às 16h, sobem ao palco Lucas Soyer & Banda e Mauro Saraiva. Para a criançada, o espaço promove atividades, como músicas eletrônicas infantis, brincadeiras e oficinas, a partir das 10h. Todas as atrações são gratuitas e fazem parte da programação oficial da prefeitura.

Em nome do pai

Dos nove filhos de João Batista de Souza, apenas Ana Eliza resvalou-se para o samba, enchendo o pai de orgulho. “Éramos parceiros de verdade”, recorda.
Foi por causa do pai, inclusive, que nasceu o nome artístico, Dona Eliza Pretinha. “Para ele, eu não era Ana nem Eliza, era só a Pretinha. E embora sempre tenha gostado muito disso, só há pouco tempo resolvi levar para o samba. Não é só uma homenagem, é uma lembrança muito importante para mim”.

Apesar de fazer parte do pequeno e seleto grupo da Velha Guarda do samba de BH, Dona Eliza, nascida em Águas Formosas, cidade do Norte de Minas, ainda não conseguiu produzir um disco da forma como sempre sonhou: apenas com músicas autorais.

“É um sonho pelo qual batalho todos os dias. Fazer samba é o que tenho de melhor, mas ser sambista não é fácil, nunca foi, bem verdade. Para sê-lo é preciso ter batuque na veia. Só assim a gente consegue chegar lá”, ensina Dona Eliza – a Pretinha do seu João.

Carnaval em BH

Palco Especial – Pampulha, na Praça Nova da Pampulha (av. Fleming, Ouro Preto). Dia 3 de março, a partir das 10h, músicas eletrônicas infantis, brincadeiras, oficinas. Shows com Lucas Soyer & banda, Mauro Saraiva e Dona Elisa. Entrada gratuita

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