(CALIFÓRINA)
Lançado em DVD pela Califórnia, após uma rápida passagem pelos cinemas, “O Grande Mestre” não é o primeiro filme de artes marciais do celebrado diretor chinês Wong Kar-wai (de “Amor à Flor da Pele” e “2046 – Os Segredos do Amor”).
Antes de investir em narrativas poéticas, calcadas em dolorosos conflitos amorosos e em sentimentos de culpa puxados pela memória de personagens melancólicos, o realizador já havia trilhado pelo gênero em “Conflito Mortal” e “Cinzas do Passado”.
Kar-wai não está fazendo concessão em seu estilo para seguir o caminho bem-sucedido aberto no estrangeiro por seus colegas John Woo (“A Batalha do Três Reinos”), Zhang Yimou (“O Clã das Adagas Voadoras”) e Ang Lee (“O Tigre e o Dragão”).
Close em mãos
Apesar do capricho na coreografia das cenas de lutas e mais uma vez pôr em destaque a honra e a filosofia oriental, Kar-wai não abandonou suas principais características em “O Grande Mestre”, como o anti-clímax do final que aponta para a vitória da tradição sobre a individualidade.
“Amor à Flor da Pele” trata dos mesmos sentimentos abafados que atravessam a história de seu último filme. Um exímio lutador e a filha de um chefe de clã carregam um amor proibido (ele é casado e ela abre mão de tudo para vingar a morte do pai) por várias décadas.
A diferença para os seus trabalhos anteriores é que, além das convenções, a História também tem um papel determinante no futuro dos personagens, registrando as brutais mudanças geopolíticas (unificação chinesa e invasão japonesa).
Kar-wai permanece apegado aos detalhes e à maneira silenciosa como os casais se relacionam. Se Quentin Tarantino nunca escondeu sua paixão por pés, o chinês não deixa de mostrar closes de mãos de mulheres como um dos primeiros aspectos a chamar a atenção dos homens.