"O Lado Bom da Vida", de David O. Russell, estreia nos cinemas

Paulo Henrique Silva - Do Hoje em Dia
31/01/2013 às 14:53.
Atualizado em 21/11/2021 às 21:33

(Divulgação)

Com "O Lado Bom da Vida", principal estreia de sexta-feira (1°) nos cinemas, David O. Russell desbancou nada menos que Quentin Tarantino, Ben Affleck, Tom Hooper e Kathryn Bigelow entre os cinco finalistas ao Oscar de melhor direção. Concorrentes que já tinham uma estatueta dourada na estante.

O que faz do trabalho de Russell tão especial em relação aos outros, especialmente Affleck, que assina "Argo", grande favorito ao Oscar principais após ganhar os prêmios dos sindicatos dos Produtores e dos Atores? A resposta pode estar na maneira como dribla as armadilhas dos dramas edificantes com bastante humor.

Bem como o olhar do diretor sobre famílias disfuncionais, enxergando uma influência negativa de pais e parentes sobre os protagonistas ao mesmo tempo que encontra manifestações de amor no que seria um lar muito problemático.

Bom elenco

Ingredientes que já se evidenciavam no filme anterior, "O Vencedor" (2010), que também rendeu a Russell uma indicação ao Oscar e valeu a Christian Bale e Melissa Leo os prêmios na categoria de atores coadjuvantes. É outra virtude do cineasta, que escolhe bem seu elenco e tira suas melhores interpretações.

Com "O Lado Bom da Vida", pela primeira vez, desde 1981, um filme concorre em todas as categorias de atuação. Jennifer Lawrence surge como barbada para o Oscar de atriz, enquanto Bradley Cooper (ator), Robert De Niro (ator coadjuvante) e Jacki Weaver (atriz coadjuvante) correm por fora.

De Niro, por sinal, não recebia uma indicação desde 1992 (por "Cabo do Medo", de Martin Scorsese). O veterano ator cai como uma luva no papel do pai de um ex-professor recém-saído do sanatório. O filho, que entrou em parafuso ao descobrir a traição da mulher, tem uma atitude agressiva e delirante. A chance de se livrar do rótulo de "antissociável" aparece quando encontra uma garota bipolar.

Problema individual se torna um mal coletivo

David O. Russell engendra um gradual espelhamento entre pai e filho, elemento narrativo que se torna fundamental para o desfecho e para a ideia de família defendida pelo diretor em seus filmes.

Já no início, o que se vê é o desgaste dos pais com um filho com graves problemas psiquiátricos, que vive a iminência de voltar ao sanatório devido ao seu descontrole emocional.

A firmeza como o pai interpretado por De Niro tenta levar a situação se transforma aos nossos olhos, virando também um perturbação mental, como TOC (transtorno obsessivo-compulsivo), carência afetiva, vício em jogo e muita culpa.

Incompreensão

O que era um problema individual, do homem inapto para viver em sociedade, se torna um mal coletivo, envolvendo falta de compreensão, preconceito e famílias regidas por regras de convivência que não se aplicam aos dias de hoje.

"O Lado Bom da Vida" é, no bom sentido, uma grande terapia de grupo, fazendo-nos enxergar que problemas dessa ordem são mais comuns que se imagina.

É justamente o que tenta mostrar a personagem de Jennifer Lawrence, ajudando Bradley Cooper a reconhecer que ele mesmo se comporta como um preconceituoso e egoísta.

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