Roberto Carlos não aguenta ver sapatos virados. Também não gosta da cor marrom, pois remete à caixão, e evita ao máximo dar marcha à ré no automóvel. Todo mundo sabe que o verdadeiro Rei tem hábitos para lá de estranhos. Mas a “cópia” mineira não fica muito atrás.
“No camarim, não deixo que ninguém vestindo preto entre. A minha esposa pediu para parar com isso. Sei que isso incomoda as pessoas que estão ao meu redor, mas já estou me tratando”, revela Wilmar Braga, que, quando está no palco, sente que está “incorporando” RC.
É esse estranho universo dos sósias o tema do documentário “Os Outros”, de Sandra Werneck, em cartaz nos cinemas. “É muito louco! A ideia me veio quando fiquei imaginando como seria uma pessoa destituir de sua personalidade para viver a vida de outro”, registra a cineasta.
Em suas pesquisas, ela encontrou uma transformista que imita Ivete Sangalo, um cover de Cazuza e um Roberto Carlos carioca, que guarda um bolo de aniversário do ídolo, recebido há anos. “Ele (Evanney) vive essa persona intensamente, já não é mais o Evanney”, observa.
‘Yes, we can”
O agente penitenciário Gerson Januário é a cara do presidente americano Barack Obama. Só percebeu isso quando estava no Pão de Açúcar (RJ), em 2009, e um grupo de turistas dos EUA não parou de tirar fotos dele. Ficou tão conhecido que ele se não furtou a tentar a mesma profissão.
Há quatro anos, candidatou-se a vereador. E pensa se lançar novamente nesse ano. “Algumas atitudes de Obama têm a ver comigo, como seu lado humanitário”, destaca Gerson, que estuda os trejeitos e o andar do presidente. Já o inglês, “vem lutando”, virando-se com o básico.
Para continuar cantando as músicas do “rei”, Wilmar Braga teve que aprender inglês, italiano e espanhol. Ele possui mais de oito mil discos de seu ídolo, muitos deles repetidos. “Só do vinil que tem a música ‘Emoções’ são 35”, assinala o cover, que já lançou nove CDs e dois DVDs só de canções de Roberto.
Para se manter tal e qual o original, em cima e fora do palco, Wilmar tem dezenas de sapatos brancos, blazers azuis ou brancos e jaquetas sem manga. Só de cintos com brasões são 60. “Fui até Niterói para confeccionar uma pulseira igualzinha a que ele usa, pagando R$ 5.200”.
O encontro com RC só aconteceu uma vez, quando o cantor de “Lady Laura” recebeu algumas pessoas em um apartamento no Rio. “Entreguei um CD meu para ele, que disse que não ouviria naquele momento. Mas que um dia iria ouvir”, lembra o fã mineiro.
A obsessão por organização, justifica, tem a ver o signo dos dois – eles são arianos. “Quem é desse signo é muito ansioso. Mas, ao ir ao psicólogo uma vez por semana, com o tempo vou tirando essas manias. Não é porque o Roberto vai pôr o pé no buraco que eu vou pôr também”, alerta.