“O Pequeno Príncipe” está de volta aos cinemas, mostrando o quanto o clássico de Exupéry ainda fala

Vanessa Perroni - Hoje em Dia
19/08/2015 às 07:09.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:24
 (Vitor Souza)

(Vitor Souza)

Ele adentrou a cena há 72 anos, por obra e graça de Antoine de Saint-Exupéry. Sem nem de longe apresentar sinais de desgaste, “O Pequeno Príncipe” invade nesta quinta-feira (20) as salas de cinema do país, no longa de animação que promete atrair um contingente dos mais ecléticos. Caso da pedagoga Gláucia Palhares, 38 anos, que travou contato com a história na infância, quando a mãe, ocupada em arrumar a casa, se deparou com um livro sem capa – e todo sujo. Era uma edição de 1964. “Virou meu grande tesouro”, conta ela, que, no entanto, só o leu alguns anos mais tarde, aos oito de idade.   Depois assistiu ao filme de 1974... e não parou mais, dando origem também a uma coleção “meio sem querer”, que hoje reúne preciosidades, como adesivos, livro de colorir, roupas, copos, almofadas, brinquedos, bonecos de crochê.... ufa!. “É uma história atemporal e com uma mensagem muito simples”, constata ela, que, detalhe, também é cosplayer. Nesta faceta, já encarnou mais de 30 personagens, mas foi com o Pequeno Príncipe, apresentado em BH, SP e Brasília, que “causou”.   “As pessoas sempre me abordam com um sorriso quando me veem assim”, conta ela, que chegou a ganhar prêmios. Mãe de Felipe, um ano, ela fez a festa do garoto (assim como a decoração do quarto) com o tema “Pequeno Príncipe”.   Na Pele   De tão fascinada pela história, a produtora cultural Carla Lisboa, 34, tatuou a capa de uma edição da obra (que leu pela primeira vez aos 17) no braço – que, aliás, será aumentada. Hoje, os amigos nem hesitam quando têm que escolher um presente para a moça. “São bolsas, chocolates, blusas (temáticos). É mimo certo”, ri. Para ela, a mensagem da obra pode até soar como clichê, mas lamenta que muitos não tenham a coragem de aplicá-la. “Ele aprecia coisas não materiais e mostra a beleza de se prestar atenção às pequenas coisas, como o pôr do sol”.   Adaptação   Este ano, o Grupo Girino, de Teatro de Bonecos e Animação, de BH, estreou, no México, “O Pequeno Príncipe de Papel”, solo de Iasmim Marques, que, ao longo de 40 minutos, dá vida aos personagens por meio de bonecos em papel.   O conceito da amizade é bem forte no espetáculo, que não possui final igual ao do livro. “É uma releitura, mas preservando os elementos mais importantes. O final é uma transformação”, diz Iasmim, que, junto ao grupo, leva a peça a Tiradentes, dias 29 e 30, no Festival Gastronômico.   Produção é séria candidata a se tornar um clássico       Aos que forem ver a produção, um conselho: é bom separar o lencinho de papel. Com ares de filme experimental, a animação de Mark Osborne (“Kung Fu Panda”) insere, na trama, uma garota que mora com a mãe e passa as férias estudando, para entrar em uma escola rígida. Mas eis que conhece um vizinho, um senhorzinho que lhe conta como conheceu o Pequeno Príncipe.   Um dos grandes trunfos de Osborne é o uso de técnicas distintas para as duas tramas. A da garotinha se vale da animação 3D, e nada deve aos filmes da Disney ou da Pixar. Já a história de “O Pequeno Príncipe” é narrada em stop-motion, como se as páginas do livro ganhassem vida.   O diretor consegue entrelaçar bem as duas histórias, gerando um filme sobre como o clássico afeta vidas – no caso do longa, a da garotinha e a de sua mãe. O universo dos adultos que cercam a heroína tem tons frios, secos. Tudo é padronizado, como as casas, à exceção da do velhinho.   Encantadoras, as músicas compostas pelo alemão Hans Zimmer e pelo londrino Richard Harvey são sérias candidatas a integrar a playlist dos amantes de trilhas cinematográficas. E assim como o livro, o filme tem tudo para ser atemporal, visto que não faz referências à época na qual a ação transcorre. Em suma, não há celulares, smartphones, tabletes ou qualquer outra parafernália tecnológica.   No terceiro ato, o filme, que possui momentos engraçados e outros permeados pela ternura, perde um pouco o ritmo, o que pode deixar algumas crianças entediadas. Mas nada que comprometa o todo.   Dublagem   Vale lembrar que o ator Marcos Caruso estreia na dublagem dando voz ao velhinho – ao lado de Larissa Manoela (“Carrossel”), que interpreta a menina.   “Fiquei muito lisonjeado com o convite e, claro, voltei ao livro, 50 anos após a primeira leitura”, diz ele. Avô de dois meninos, Marcos Caruso diz que, neste début como “voz”, pensou nos netos. “Sempre esperei o momento de presenteá-los com a obra, mas o filme chegou antes”, diverte-se. E sim, os garotos já assistiram à performance do progenitor. “Eles vão ter na cabeça a voz do aviador como a do avô. Isso me emocionou muito”, assume.   “Todos somos engolidos pela máquina e pela padronização em algum momento. O ponto que o filme reforça é o nunca se esquecer da infância” Marcos Caruso, Ator           Assista ao trailer do filme:  

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