'O Que Escondo Só A Mim Basta', de Miro Bampa, entra em cartaz nesta terça em BH

Jéssica Malta
jcouto@hojeemdia.com.br
08/10/2018 às 17:35.
Atualizado em 10/11/2021 às 02:52
 (Miro Bampa/Divulgação)

(Miro Bampa/Divulgação)

Foi revisitando memórias, vivências e objetos guardados que o artista plástico paulista Miro Bampa deu início a exposição “O Que Escondo Só A Mim Basta”, em 2016. Hoje a série ganha as galerias da Casa Fiat de Cultura, onde fica em cartaz até 25 de novembro. 

Ao reunir esses objetos, que vão desde correspondências trocadas com amigos até fotos e textos escritos pelo artista, Bampa busca contar histórias, em formatos que assemelham-se a diários, cartazes ou “Cartas” – título inicialmente dado à mostra. “As obras são como páginas arrancadas e colocadas na parede”, diz. 

Nos trabalhos expostos pelo paulista, os objetos são reunidos por uma técnica chamada encáustica. “Utilizo placas de parafina, as derreto e faço o primeiro bloco. Vou colocando os objetos de maneira intuitiva, buscando equilíbrio. Depois disso, venho com uma cama de encáustica, que é parecida com a parafina, mas traz também uma mistura de cera de abelha”, explica o artista plástico.

Os objetos, alguns já apagados pelo tempo, ganham nuances ainda mais ocultas a partir do processo. “Quanto mais eu quero esconder, mais camadas eu vou passando”, diz. 

O apagamento proposital ainda tem outras justificativas: “Nós, artistas, estamos expostos a tudo. Mas às vezes existe uma necessidade de não ser óbvio e de falar de suas emoções. Como eu tenho essa coisa particular da família, muitas imagens trazem parentes, então, talvez para não expô-los ou não me expor, faço isso”, sublinha o artista. Além destas imagens, existem ainda cartas trocadas com um amigo, que também aparece nas fotos utilizadas. 

Mas, se o teor secreto é uma característica forte da exposição, há muito a ser revelado nas entrelinhas. “Algumas obras trazem fantasias, outras coisas vividas. Dou a oportunidade para a pessoa que está vendo possa fazer uma leitura própria”, diz. Bampa destaca ainda que na mostra, as obras, que apresentam formatos iguais aos de folhas A4, seguem uma disposição não linear. “Não existe uma ordem lógica, mas sim estética. Por serem todas do mesmo tamanho, fizemos umas quebras para que a leitura não ficasse monótona”, conta. 

Outros trabalhos

O artista conta que o interesse por objetos que tragam características históricas permanece. “Fui criando uma ligação muito grande com isso. Agora, estou com outro projeto, os ‘Contos Esquecidos’, que é como uma continuidade dessa série”, diz Bampa. No novo trabalho, o artista se volta à fotografias antigas, algumas de sua família e outras de desconhecidos, e os une a textos datilografados em chumbo. 

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