O título – “Inflamável” – faz referência ao ambiente efervescente das cidades modernas sob o olhar da mulher contemporânea, explicam Catarina Bris e Sandra Gamon, do Oui Madame, referindo-se ao título do mais novo CD do duo. “O som é para dançar, se divertir e, ao mesmo tempo, questionar o dia a dia nos centros urbanos através de algumas das letras”, explica Catarina. O que, de certa forma, dá continuidade ao trabalho anterior, “Elétrica” (2011). Entram em cena questões atuais, como o consumismo exacerbado, o individualismo dos grandes centros, o aquecimento global, a diversidade sexual, o amor e o desamor. O trabalho é ambientado no do universo pop-rock.
A dupla, na verdade, surgiu em 2010. O nome é uma brincadeira com o significado da palavra “Madame”: em francês, senhora. Em português, o “Sim senhora” evidenciaria mudanças com relação ao papel da mulher na sociedade, “hoje – e cada vez mais – como protagonista da própria história”.
Para o novo disco, foram compostas 25 músicas, dentro da mesma linguagem. “Como estamos envolvidas diretamente em todas as etapas, na composição das letras e melodias, na gravação dos instrumentos, produção, mixagem e também na concepção artística do CD, levamos bastante tempo para finalizar tudo. As músicas ganham vida própria, encantaram a gente ao longo do processo criativo e as que ficaram – 16, no caso – foram as que mais ‘conversaram’ com a gente. Com as quais fizemos amizade”, brinca Catarina.
Ainda assim, elas apontam “Cápsula do Amor” como a que mais gostaram, desde o início do processo. Outro destaque é “Pular de um Carro em Movimento”. “Fala da velocidade da vida nas cidades e tem São Paulo como inspiração. As pessoas se envolvem tanto na rotina, no trabalho, no consumo exagerado, que ficam presas no seu dia a dia. Muitas deixam para ser felizes nas férias, finais de semana. Nesta loucura de compromissos financeiros e sociais, esquecemos que somos mortais. Conhecemos muita gente que tem crise de pânico, que toma anti-depressivos, muitas pessoas estressadas e pouco satisfeitas com a vida que levam. É deste nó generalizado na garganta que falamos, é deste equívoco coletivo que nós mesmos criamos. Pensar é como arrancar o coração do peito”, diz Bris.
Em tempo: Sandra Gamon já tocou em BH (“umas quatro vezes”) com sua outra banda, a Samba de Rainha. “Fomos muito bem recebidas. Tocamos duas vezes no ‘Comida di Buteco’, na ‘Festa da Saideira’, uma delícia... Adoro a comida mineira, é sem igual! Tenho amigos em BH e gosto do bom papo e da simplicidade das pessoas”.
Catarina já esteve por aqui, mas a passeio. “Uma das minhas melhores amigas vive em BH, já fui muitas vezes, adoro a atmosfera dos bares, dos botecos. Gosto das pessoas. Apesar de ser uma cidade grande, com trânsito e muito movimentada, existe uma simplicidade no trato, uma coisa brasileira boa, aconchegante, que a gente sente no ar”.
Motivo pela qual ambas garantem: “Ainda não temos nenhuma parceria por aí, mas estamos ansiosas para divulgar nosso som. Com muito cuidado, claro, afinal é Inflamável!”, divertem-se.