O universo criativo das obras do mineiro Antônio Torres

Clarissa Carvalhaes - Do Hoje em Dia
09/09/2012 às 10:24.
Atualizado em 22/11/2021 às 01:07

(Divulgação Arte)

Um olhar mais arguto permite vislumbrar detalhes que, de longe, poderiam passar despercebidos. Quando se trata de arte, essa medida é ainda mais importante, evitando precipitadas conclusões. Naturalmente, nas obras de Antônio Torres não é diferente. Ao contrário: a aproximação é mais do que fundamental.

Ao invés de tintas ou outros materiais mais “tradicionais”, Torres parte para a imprecisão e o risco utilizando essencialmente colagens. Um método ao qual se dedica há uma década.

“É desafiar e ser desafiado, uma vez que o papel, um material tão inofensivo e aparentemente submisso, não respeita o desejo do artista e não dá, de forma alguma, um resultado elaborado”, explica. Trompe L'oeil Em uma base de eucatex, Torres traça o desenho e preenche toda a superfície com cola, cobrindo-a com o papel na cor desejada para cada detalhe. Quanto mais forte quer o colorido, mais vezes repete o processo. Assim, cria-se a ilusão de que houve uma mistura de cores semelhante a um trabalho feito com tinta. O resultado, dependendo do ângulo de visão, assemelha-se a uma pintura. Se visto mais próximo, pela textura, pode-se dizer que há um entalhe raso banhado em cores. Torres destaca que o papel deixa de ser um material e passa ser seu parceiro. “Quando colo e arranco para formar a sedimentação, não tenho o controle do quanto ficará na superfície da base, nem da cor nem da textura, tampouco do traço. Em cada quadro, se não houver um acordo, parto para uma nova batalha na repetição do processo até encontrar um ponto de satisfação”. Incentivador Natural de Mutum, região do Rio Doce, e efetivamente envolvido com a arte há 34 anos, Torres confessa que teve, como incentivador, Inimá de Paula (1918-1999), com o qual se encontrou pela primeira vez em 1976. “Ao ver meus desenhos, ele percebeu que eu, então adolescente, tinha algo que merecia ser trabalhado”. No ano seguinte, a seu convite, Torres estava em BH, “aos pés de um grande mestre que por dois anos me hospedou”. Nesse tempo, trabalhou no ateliê, na preparação de telas e materiais afins. Coube a Inimá ensinar a técnica da qual Torres se vale hoje – partindo da concepção do desenho até a última pincelada. “Inimá, por assim dizer, foi meu ponto de partida. Foi quem me fez compreender que a arte é um ofício do qual me valho para ser e cumprir meu papel de cidadão”, confidencia ele.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por