TIRADENTES ­– Do primeiro tratamento, há três anos, ao roteiro que será levado nesta quinta-feira (26) à tela do Cine-Tenda, na 20ª Mostra de Cinema de Tiradentes, muitas ideias foram deixadas para trás, mas um aspecto não saiu do papel em “Subybaya”: a discussão sobre a questão da representação dos gêneros, a feminina em particular.

Um dos concorrentes da Mostra Aurora, o primeiro longa solo dirigido por Leo Pyrata propõe um embate contra o olhar de objetificação da mulher, pondo em questão até mesmo o fato de o diretor ser um homem. Pyrata não dá muitos detalhes, mas aparentemente haverá uma espécie de revolta das personagens na trama.

“Muitas barreiras” são derrubadas, fazendo uma curiosa autocrítica à própria pretensão de falar sobre gêneros, de acordo com o realizador. “Nesse sentido, é um filme bem pedagógico, ao criticar, no cinema, o papel centralizador do diretor, que projeta nas personagens seus medos e fetiches”, sublinha Pyrata.
Com um tom mais experimental, discutindo o lugar da fala e do olhar, “Subybaya” foi feito com apenas R$ 80 mil, recursos oriundos do programa “Filme em Minas”, que atualmente se encontra paralisado. O título brinca com uma frase do compositor Rômulo Paes: “Minha vida é esta: subir Bahia, descer Floresta”.

Competição
A Mostra Aurora conta com outros dois filmes mineiros entre os sete em competição: “Baronesa”, de Juliana Antunes, que mescla documentário e ficção ao registrar o dia-a-dia de duas mulheres num bairro de periferia, às voltas com a criminalidade; e “Eu Não Sou Daqui”, de Luiz Felipe Fernandes e Alexandre Baxter, com exibição na sexta-feira (27).

Na programação de quinta, haverá ainda um seminário que refletirá os dez anos de criação da Mostra Aurora, com diretores que ganharam o prêmio principal em edições anteriores, como Tiago Mata Machado (“Os Residentes”), Adirley Queirós (“A Cidade é uma Só?”) e Pedro Diógenes (“Estrada para Ythaca”).

* Viajou a convite da organização da Mostra de Cinema de Tiradentes

Compartilhar