Diário de viagem

'Os Bruzundangas' conta história centenária com muita representatividade em BH

Peça cumpre temporada no Teatro II do CCBB até 19 de agosto

Do HOJE EM DIA
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Publicado em 14/08/2024 às 17:02.Atualizado em 14/08/2024 às 19:50.
Atores de Bruzundangas (Roberto carneiro)
Atores de Bruzundangas (Roberto carneiro)

Humor, sátira e críticas sociais. Temas de “Os Bruzundangas” que está em cartaz no Teatro II do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) em Belo Horizonte. Um musical que mergulha em uma obra literária escrita há 100 anos homônimo ao espetáculo: um diário de viagem de um brasileiro que morou uns tempos na Bruzundanga, uma jovem República que lutava num ambiente de colapso do modelo escravocrata, deposto em 1889, embora ainda persistisse o predomínio dos grupos ligados à grande lavoura.

No país proliferavam elites incultas que dominavam o povo, racismo, pobreza, obsessão por títulos doutorais e literatura cheia de enfeites linguísticos.

Os ingressos serão vendidos a R$30 a inteira e R$15 a meia e podem ser adquiridos pelo site ccbb.com.br/bh ou bilheteria do CCBB BH localizado na Praça da Liberdade, 450 - Funcionários, Belo Horizonte. Todas as sessões contam com tradução em Libras e audiodescrição.

Livro “Os Bruzundangas”

No capítulo "Um Mandachuva", ele traça os contornos de um político anônimo, cujo perfil mantém a sua atualidade, decorrido quase um século desde o esboço. O político vem de uma cidadezinha no interior do país, tendo tido sua formação restrita às suas atividades domésticas e profissionais, sem qualquer gosto por pensamentos mais altos, como a arte e a cultura, mediocridade, desinteresse, provincianismo e descaso pelas audiências públicas. Alfredo Bosi afirma que a obra não é sobre um lugar fictício, mas sobre o Brasil do começo do século.

A montagem inédita se destaca pela representatividade do elenco, com 70% da equipe composta por pessoas negras. A diretora Dani Ornellas, uma mulher preta periférica, enfatiza a relevância de incluir vozes que refletem a diversidade do nosso país.

“Nunca acreditei em uma arte que excluísse. Se o Brasil tem 54% da população preta, além da população indígena, por que nossos textos e autores não estão sendo montados?", questiona Dani.

O espetáculo sublinha a importância de trazer atores e diretores negros para o centro da criação teatral. Para além da representação cultural, a escolha de uma equipe majoritariamente negra sublinha um compromisso da trupe com a pluralidade e inclusão.

A obra cênica, que conta no elenco com dois atores negros retintos, um afro-indígena e um branco, tem causado identificação total com a plateia por onde passa. "Lima Barreto escreveu isso perfeitamente. Somos o grito do autor e demos voz aos seus personagens. Essa combinação de inclusão social e herança cultural enriquece a comédia, trazendo uma perspectiva autêntica e envolvente para o público”, ressalta Dani.

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