O duo mineiro Paralaxe sempre teve sua história associada à música eletrônica. Mas a partir do novo álbum “Quartzo”, Rafael Carneiro e Fred HC passaram a vivenciar uma nova experiência sonora. Para celebrar dez anos de carreira fonográfica, eles pegaram oito músicas de seu repertório e as regravaram em versão orgânica e analógica.
 
Para que esse processo de contato com o analógico pudesse ser ainda mais efetivo, eles gravaram o material no estúdio do produtor musical Anderson Guerra, especializado em gravações analógi-cas. O resultado foi um vinil caprichado, com arte de Eduardo Recife.
 
“O principal desafio era pensar e prever o resultado das gravações antes de executá-las”, afirma o vocalista Fred. “A gravação na metodologia analógica, em fita magnética, (assim como no filme fotográfico) pressupõe uma limitação de possibilidades de erro de execução bem como de elementos a serem sobrepostos nas canções. Tudo tem que ser pensado anteriormente: os equipamentos, os timbres e o silêncio”.
 
A intenção de Fred e Rafael é vivenciar não só uma nova forma de fazer música, mas também uma escuta diferente do cotidiano da contemporaneidade, com audições nas casas de amigos e fãs. “Alguém nos convida, vamos à casa do anfitrião, fazemos uma preleção informal e depois um audição coletiva. Mais ou menos como ocorria no passado, quando ouvir um disco era, em muitas das vezes, um momento a ser compartilhado”, diz Fred, acrescentando que existe um desejo de fazer shows em ambientes domésticos e pequenos.
 
Fred deixa claro: este é um projeto paralelo, experimental, e o Paralaxe não deixará de ser ligado à música eletrônica. Por sinal, o duo já tem ideias para um novo trabalho. “Há a intenção de recuperar velhos equipamentos e gerar novos significados e novos sons dentro da linguagem eletrônica, fazer reciclagens. (Vimos que é preciso) reagir à crescente produção de lixo tecnológico resultante da obsolescência programada de computadores, monitores, baterias etc”.