Paulo Vilhena festeja o bom momento de sua trajetória profissional

Hoje em Dia
31/03/2014 às 07:38.
Atualizado em 18/11/2021 às 01:51
 (Agnews)

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A foto que ilustra essa matéria mostra um rapaz sarado, deixando o mar do Rio de Janeiro após passar uma tarde surfando. Mas o momento de lazer é, nos dias atuais, uma raridade na agenda do ator Paulo Vilhena, 35 anos. Em cartaz na telinha com o seriado “A Teia”, ele também pode ser visto no écran com o recente “Entre Nós”, de Paulo Morelli (confira horários no roteiro deste caderno), e nos palcos, com “Tô Grávida”.

Motivo pelo qual não titubeia: “Posso dizer que estou no melhor momento da minha trajetória profissional. ‘Entre Nós’ é um filme que fala de uma geração, não só uma geração de personagens, mas uma geração de atores também. Poder estar num set com o Caio (Blat), com a Maria (Ribeiro), com a Carolina (Dieckmann), com o Julio (Andrade), com a Martha (Nowill)... Me sinto muito honrado de participar desse time porque são atores que admiro muito. Poder trabalhar com eles, vivenciar um set, fazer um filme que é uma coisa que vai ficar ‘pra’ frente... Foi uma das grandes experiências da minha trajetória profissional”, localizou, em passagem por Belo Horizonte, justamente para a divulgação do longa-metragem, quando conversou com a imprensa.

Na ocasião, ele falou sobre seu personagem, Gus. “Achei que, para construir o Gus, como ele tinha essa derrota, essas frustrações, essas perdas ao longo desses dez anos; tinha que dar um alicerce que fizessem com que ele fosse para aquele lugar – porque, se o cara não gostasse daquelas pessoas, ‘ferrado’ do jeito que ‘tava’, não iria”.

Afetos canalizados para o set

“Entre Nós”, o filme, flagra o encontro de um grupo de jovens após um hiato de dez anos. No encontro anterior, os sete escreveram cartas a si próprios, que são enterradas para serem lidas uma década depois. Nelas, especulam sobre o futuro, registram desejos. No momento de reabri-las, a hora de se constatar que entre sonhos e realidade, há um abismo por vezes intransponível.

“Na vida, ele não está bem, mas na vida social, com aqueles amigos que ele considera e ama tanto, é uma oportunidade de ele estar feliz, de estar interagindo. E aí eu pautei muito (a construção do personagem) em cima disso, do amor dele (Gus) com cada uma daquelas pessoas, daqueles personagens, além do amor que ele... Enfim, que ele perdeu, o da Lúcia. O que não atrapalharia ele de estar lá”, analisa.

E se Paulo Vilhena fosse escrever uma carta para si, para ser lida daqui a dez anos? “Eu ia começar a carta assim: ‘continue assim e espero que você esteja melhor, mas, se não estiver, ‘tá’ bom, porque eu ‘tô’ muito feliz com o que você é hoje”.

O ator entende que, quando Morelli (diretor) informou aos atores que fariam um filme sobre amigos, e trouxe um elenco que já mantinha uma vera amizade fora daquele contexto, teria tido um insight no mínimo inteligente. “Ele já levou 50% da intimidade cênica necessária para contar essa história. A gente ficou 15 dias num sítio estudando e ensaiando, cada cena, a gente ia para a locação, fazia aquele ensaio a ponto de chegar a esmiuçar linha por linha, e isso foi criando uma intimidade além do que a gente já tinha”.

Paulo frisa que essa “metodologia” só é foi possível através do carinho que um já nutria pelo outro”. “Mas a gente canalizou esse amor, essa admiração, esse afeto, tudo que a amizade trás, para aquela historia, aqueles personagens, foi onde a gente conseguiu realmente contar a historia de cada uma daquelas pessoas ali”.

A locação foi São Francisco Xavier, na Serra da Mantiqueira, em São Paulo – o diretor tem casa na região e queria filmar ali. Dias de imersão total na obra. “Ao longo do dia, a gente passava as cenas, repetia, reproduzia. Mesmo à noite ou pela manhã, mas, claro, tinha o momento relax. Mas a gente tinha um preparador durante esses dias, então fazíamos exercícios de improvisação... Enfim, o que esse povo louco do cinema faz”, brinca.

Com Paulo Autran, da crítica ao elogio

Instado a falar sobre as críticas de Paulo Autran que recebeu no início de carreira em 2004, disse que Vilhena nunca seria um ator. Mais tarde, se retificou – “me enganei completamente”. “É uma coisa que levo no meu coração, nunca toquei no assunto, pois o que valeu foi ter recebido aquela mensagem e não ter usado tipo: ‘Ah, olha só o que o Autran falou... Mas, sim mudou muito. O Paulo é um cara que se tornou um mentor. Quando falou a crítica negativa, a gente mal se conhecia. Eu realmente era um cara novo e talvez não trouxesse nenhum interesse nas informações que estava falando (à época, os dois foram a um programa de TV, e Vilhena falou que não havia estudado dramaturgia e não ia muito ao teatro)”.

Depois, Autran foi assistir à peça “Essa Nossa Juventude”, que Vilhena fazia. “Quando se tem um Autran na plateia, o ator ganha uma força que vem, sei lá, dos deuses. Aquele dia foi importantíssimo na minha trajetória”. Ao fim da peça, Autran foi “conversar com a gente”. “Falou sobre pontos muito específicos e muito criteriosos do espetáculo”, diz, saudoso.

Colaborou Fernando Dutra/Especial para o Hoje em Dia

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