Pedro Lourenço redefine a silhueta feminina com looks que se misturam ao corpo

Luis Torres de La Llosa - AFP
01/10/2013 às 15:22.
Atualizado em 20/11/2021 às 12:56

PARIS - O estilista brasileiro Pedro Lourenço apresentou nesta terça-feira (1), em Paris, sua coleção para primavera-verão 2014 inspirada em Carmen Miranda, com looks que graças às novas tecnologias parecem se misturar ao corpo.
   
O caçula dos estilistas, de 23 anos e que desfilou pela primeira vez na passarela de Paris quando tinha apenas 19, optou desta vez por uma apresentação on-line e um showroom para imprensa. No final de um polêmico processo, o governo brasileiro deu sinal verde para um incentivo financeiro no último segundo para Lourenço e outros estilistas, como Alexandre Herchcovitch e Ronaldo Fraga, com isenção de impostos através da lei de incentivo à cultura.
    
Mas esse dinheiro chegou tarde para que Lourenço pudesse montar em pouco mais de um mês seu desfile na passarela da Semana de Moda de Paris, onde nenhum estilista latino-americano vai desfilar.Tirando o melhor de condições ruins, Lourenço aproveitou esse ano para "reestruturar a marca para o próximo ano", quando espera poder voltar ao evento parisiense. "Teremos projetos, queremos produzir mais coisas na Europa", explicou Lourenço. "Por isso decidimos focar mais na reestruturação da empresa, na coleção e nas técnicas do que no desfile".
    
Para este jovem nascido em um lar de estilistas - filho de Glória Coelho e Reinaldo Lourenço -, que começou a criar aos 12 anos e completou sua formação trabalhando em Paris com Giambattista Valli, "o importante é poder mostrar minhas ideias, com música e um conceito". A apresentação em vídeo supre essas funções na falta de toda a parafernália que define um desfile completo e caro. "O que importa é ter a possibilidade de mostrar o que tenho na cabeça", explicou.
    
Para o próximo verão, Lourenço propõe uma linha de roupas com a inspiração focada em Carmen Miranda, a atriz e cantora brasileira nascida em Portugal que causou furor na Hollywood dos anos 40 e 50 cantando samba com seus figurinos coloridos e um arranjo de frutas na cabeça.
    
Na "passarela" em vídeo de Pedro, as modelos usavam estampas de abacaxi com acessórios exuberantes evocando a "sex symbol brasileira". Apesar disso, os tons são sóbrios e se limitam ao preto, branco e nude, com toques de laranjas ou púrpura aqui e ali.
    
As estampas de borboletas, flores e os ombros marcados também tiveram vez. O ponto alto da coleção é uma técnica que usa o dégradé para dar um aspecto de fusão da roupa com o corpo da mulher. Com esse dégradé, que vai do mate até o transparente, se tem a impressão de que a roupa se perde na pele. "É uma nova definição da silhueta: não é curta, não é larga, é algo que se funde com o corpo".
    
"Tem um lado um pouco louco, tropical, com os abacaxis e tudo isso, mas tratado de uma maneira mais abstrata, para a mulher atual", comenta Pedro. Entre as influências mais importantes de sua vida Pedro cita a grande editora de moda americana Diana Vreeland, que morreu em 1989, um ano antes de seu nascimento, e cuja capacidade "para gerar desejo com algo sempre novo" fascina o estilista.
   
Pedro defende São Paulo por seu papel como uma das grandes formadoras de tendência no Brasil e na América Latina. "Existe muita gente que tem bom gosto, e há mulheres brasileiras que se vestem muito, muito bem", ainda que -admite- outras "nem tanto".
   
Mas nos projetos de Pedro está também a Europa. "Me instalar aqui é realmente uma das ideias que tenho em mente, e é uma meta na qual quero focar minhas energias no próximo ano". "É claro - esclarece - que para mim é importante manter meus negócios no Brasil, mas a França também é um objetivo: quero ter um produto feito na França".

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