Pesquisador desvenda nuances sobre Aleijadinho

Pedro Artur - Hoje em Dia
19/07/2014 às 13:55.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:26

(Reprodução)

A genialidade de Antônio Francisco Lisboa (1730/1738-1814), o Aleijadinho, ninguém discute. Mas nos 200 anos da morte do grande mestre do barroco brasileiro, novas luzes são lançadas sobre a sua obra e existência.
 
Levantamentos que estão no livro “Antônio Francisco Lisboa” (C/Arte, 208 páginas, R$ 29,90), de Ivo Porto de Menezes, professor emérito da Escola de Arquitetura da UFMG, que será lançado neste sábado (19), às 19h30, na Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa (Praça da Liberdade, 21).

Ivo Porto – que desde 1956 se debruça sobre a arte do mestre do barroco – explica, por exemplo, como foi descoberta a imagem de Nossa Senhora do Carmo em São Bartolomeu (distante 12 km de Ouro Preto), na década de 1970.

“Fui com alunos no Festival de Inverno em 1972 fazer um levantamento do arraial da matriz e encontramos essa imagem. Era um trabalho de Aleijadinho, indiscutivelmente. Identificamos e atribuímos a autoria a ele, pois não há documento sobre a fatura da imagem (de quem teria feito). Aleijadinho tem características próprias, em seus trabalhos”, ressalta o professor, que lança seu primeiro livro sobre o assunto como um legado aos especialistas – e também aos leigos.

Quanto ao fato de o escultor receber soldo enquanto soldado, embora tivesse uma deficiência nas pernas, ele explica. “Pode ter recebido o pagamento de um trabalho para o governador, por exemplo. Pode ter sido também, segundo alguns historiadores, pelo fato de ter ido ao Rio de Janeiro com uma tropa e depois ao Rio Grande do Sul com trabalhadores e mestres para trabalho de obras”, aventa o professor, frisando que era proibido esse tipo de liberalidade aos governadores e ministros.

Menezes também desmitifica alguns mitos sobre Aleijadinho, como, por exemplo, o de o artista ter uma doença nas mãos. Segundo documentos levantados pelo professor, Antônio Francisco só tinha um problema nas pernas. “Existe muita coisa ainda a ser estudada sobre ele. Porém, o único documento aponta que ele (Aleijadinho) tinha problema na perna. Inclusive, foi pago aos escravos para carregá-lo, em Ouro Preto, para dar opinião sobre uma obra cujo projeto ele tinha feito para a Igreja de Mercês e Perdões”, conta.

Aos 86 anos e hoje considerado um dos maiores especialistas sobre a vida e a obra de Aleijadinho, Ivo Porto de Menezes (que trabalhou para o Iphan e Iepha) aponta outra peculiaridade na obra do artista: a semelhança com “colegas” da região da Baviera. “Estudos, pesquisas sobre obras de artistas da Baviera são muitos semelhantes, embora a distância e as comunicações na época não fossem tão fáceis. Aleijadinho fez, no entanto, trabalhos bastante avançados para a época”, conclui.

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