Pioneiro no Brasil, festival Co-fluir joga luz sobre a fotografia de rua

Lucas Buzatti
lbuzatti@hojeemdia.com.br
10/11/2017 às 17:59.
Atualizado em 02/11/2021 às 23:38

(Luiza Therezo/Divulgação)

Gustavo Minas/Divulgação 

Um dos fotógrafos de rua mais ativos no Brasil, Gustavo Minas participa ativamente da programação

“A rua não tem forma. Cada vez que você sai de casa e olha ao redor, com calma, vai encontrar situações, cenários e personagens diferentes. A riqueza da fotografia é poder contar essas histórias”. A reflexão é do fotógrafo Gabriel Cabral, um dos organizadores do Co-fluir, primeiro festival brasileiro a focar a fotografia de rua. O evento, que acontece entre os dias 15 e 19 de novembro, no Espaço Comum Luiz Estrela e na Casa do Jornalista, em Belo Horizonte, traz intensa programação de oficinas, encontros, leituras de portfólio e feira. 

Realizado de maneira totalmente independente, o Co-fluir nasceu da vontade de promover encontros entre fotógrafos espalhados pelo Brasil que se dedicam ao olhar para a rua. “Reunimos a galera de BH que está trabalhando esse tipo de produção para expandir a roda a um nível nacional, promovendo encontros com fotógrafos de outros estados e ativando essa rede. Existe um cenário muito efervescente no Brasil”, explica Cabral, lembrando que os 15 convidados do evento vêm de diferentes regiões do país. “É um encontro para essa comunidade que, ao mesmo tempo, apresenta ao público geral a fotografia de rua e a forma como as pessoas enxergam a cidade”, completa. 

Mas o que é, então, a fotografia de rua? “A fotografia de rua é a captura do cotidiano, que pode ser tanto pessoal quanto da cidade. Diferente do fotojornalismo, não tem um compromisso tão forte com o factual e o documental”, explica Cabral. “É o registro subjetivo dos modos de viver de uma cidade, de uma cultura, de uma população. E que tem ganhado força no cenário contemporâneo, em que todos têm um celular na mão e estão sempre conectados às redes”. Luiza Therezo/Divulgação 

A fotógrafa mineira Luiza Therezo, do 35mm e linha, ministra oficina de bordado em fotos analógicas

Programação

Sobre a dinâmica do Co-fluir, Gabriel Cabral conta que a organização buscou promover o máximo de atividades gratuitas possível. “O festival é um espaço não para assistir, mas para participar. Vamos ter exposições e mesas com diferentes temáticas, além de uma feira que encerra a programação, quando os convidados poderão colocar seus trabalhos para vender”, afirma, lembrando que apenas as oficinas e leituras de portfólio são pagas. 

Cabral pontua que foram convidados fotógrafos e coletivos de diferentes estéticas, que têm trabalhado a fotografia de rua na atualidade. “Tem o Gustavo Minas, por exemplo, que é um dos fotógrafos mais ativos do país e tem uma produção excelente”, destaca. “Foi muito legal ver o interesse dos convidados. A grande maioria animou na hora, o que mostra uma vontade dessa comunidade de trocar experiências”.Coletivo Mamana/Divulgação 

Formado por oito mulheres espalhadas pelo Brasil, o Mamana participa do Co-fluir com mesa e oficina

Festival destaca a força da produção feminina

Outro ponto forte na programação do Co-fluir é a presença feminina. Nesse interim, um dos destaques é o coletivo Mamana, que participa de uma oficina e de uma mesa sobre fotografia de rua para mulheres. “O Mamana surgiu no ano passado, da insatisfação com o machismo, com o quanto é difícil ser mulher e sair na rua com uma câmera, com o quanto somos assediadas nesses espaços. Fomos conectando mulheres fotógrafas pelo país e estabelecendo uma rede”, conta a paulistana Mel Coelho, uma das oito fotógrafas do coletivo. 

“A fotografia de rua pode ser um exercício para se conhecer e se apropriar do espaço público enquanto mulher. Tem a ver com o empoderamento feminino, com a noção de que a mulher pode estar onde ela quiser”, continua Coelho. “Para além disso, é usar a rua como palco. Porque de fato ela é, cheia de cenas e personagens”. 

Além disso

A primeira edição do Co-fluir começa no dia 15 de novembro, com atividades como as exposições de Gustavo Minas, “A Rua é Nosso Palco” e “A Rua Como Você Nunca Viu”, além da primeira mesa, com o tema “A Rua como Matéria Prima: do Fotojornalismo ao Documental” e a presença do R.U.A. Foto Coletivo, do fotojornalista Alexandre Guzanshe e da arquiteta e fotógrafa Priscila Musa. A programação completa está disponível no site www.cofluir.com.br/foto e contribuições para custear o evento ainda podem ser realizadas pela campanha de financiamento coletivo, no endereço www.catarse.me/co_fluir.Tércio Teixeira/Divulgação A foto é de Tércio Teixeira, do R.U.A. Foto Coletivo, de São Paulo, que também marca presença no festival

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