Pós-punk corrosivo: banda mineira Kaust solta trabalho que dialoga com momento atual do mundo

Thiago Prata
@ThiagoPrata7
20/04/2020 às 18:42.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:19

(Reprodução/Capa)

Uma crítica ao “ódio, à intolerância, à realidade bizarra que estamos vivendo”, como sustenta o guitarrista, vocalista e tecladista Emerson Fluyd, surge como resposta à pergunta que batiza a abertura da estreia da banda mineira Kaust. Primeira das sete faixas que compõem o homônimo debute do grupo e assinada pelo cantor Adriano Bê – também responsável pelas seis cordas –, “Por quê?” convida o ouvinte para imergir em um ambiente poético-reflexivo, tendo o pós-punk e o indie rock como trilha sonora.

“As letras da Kaust falam sobre existencialismo, questionamentos da humanidade mesmo. Escrevo aquilo que vejo. As músicas representam uma visão de mundo, daquilo que está ao nosso redor. E muitas delas refletem nossa vida urbana”, relata Fluyd a respeito das temáticas inseridas nos sete atos que sucedem o EP “Insana Inocência”, de 2017.

Disponibilizado nas plataformas digitais, “Kaust”, o álbum, deveria ter saído no fim do ano passado, como conta Fluyd, mas alguns fatores influenciaram para que isso só viesse a ocorrer neste mês. Lançar o primeiro full-length em tempos de isolamento social, provocado pelo novo coronavírus, tem seus contras, como a incerteza de quando haverá um giro de promoção do disco. No entanto, existe outro lado da moeda. 

“O fator positivo é que nada está perdido. As pessoas têm que ficar em casa. E, assim esperamos, terão a oportunidade de ouvir o trabalho. Há um tempo para ouvir música, procurar coisa nova... Acaba sendo uma oportunidade”, ressalta o guitarrista e tecladista do quarteto, completado por Adriano Bê, Dennis Martins (baixo) e Yuki Castro (bateria).Curt Martins/Divulgação

Poética musical

Fluyd revela ainda outras variáveis e influências do Kaust para o recheio de sua bolacha fonográfica. “A maior parte das composições é minha e do Adriano, tem coisa do Yuki também, como ‘Lunar’. ‘As Horas’, também do Adriano, tem o nome emprestado do filme sobre a escritora Virginia Woolf (lançado em 2002); é sobre uma personagem que se sente desiludida e sem lugar no mundo”, ressalta ele, para, em seguida, dissecar “Lunar”, que já havia entrado no tracklist do EP de 2017 e ganhou uma nova roupagem como encerramento de “Kaust”.

“Quando estávamos trabalhando nas músicas, o Luccones (Nascimento, produtor) disse para produzirmos tudo que já tínhamos, até as coisas que já havíamos gravado. Quando mexemos nela (‘Lunar’), sentimos que ficou muito mais legal que a original. Era como se tivesse virado outra música. Ficou bem mais pós-punk e dialogou com as outras seis músicas do disco”, destacou ele, ressaltando ainda que a primeira versão da canção era bastante acessada no site NumberOneMusic.Reprodução/Capa

Novos sons

Como a pandemia impediu a Kaust de promover o disco com uma turnê, a banda se vê engajada em outras frentes. Além de sete músicas novas, que ficaram fora do debute, outras canções começam a sair do papel.

“Temos um baú de material, com muita coisa nova. Já tínhamos incorporado coisas novas em alguns shows. Na semana passada mesmo, fiz duas músicas em parceria com o Adriano. Mandei uma melodia, e, no dia seguinte, ele colocou uma melodia vocal e uma letra. Ou seja, já tinha algo novo nessa quarentena. Tem muito material além do que não entrou no disco. Então, se fosse para gravar outro trabalho, teríamos material mais que suficiente. Sobras que são muito boas e coisas novas pintando aí”, revela Emerson Fluyd.Curt Martins/Divulgação

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