Uma princesa com sangue azul, mas bem diferente daquelas que conhecemos dos contos de fadas. Ela não espetou o dedo e não correu risco de dormir pra sempre. Tampouco mordeu maçã envenenada, teve que aturar trabalho pesado imposto pela madrasta malvada ou proibição de ir a bailes da realeza. A princesa Catarina de Anis, protagonista do livro “A princesa da torre longa” (de Tiago de Melo Andrade, editora Melhoramentos), tinha tudo a seu favor.   Morava em um belo castelo de torres pontudas e localizado no topo de uma colina forrada de grama verdejante e jardins floridos no reino de Badaloques. O pai da moça era amoroso e governava com sabedoria todo o reino, enquanto a mãe dava colo grande e macio, conselhos e muito carinho para Catarina. Ah, e a princesa tinha ainda uma fada madrinha (de nome Linda) que lhe dava um presente especial e mágico a cada aniversário.   Quer mais? Em Badaloques imperava o Decreto Mágico das Fadas, que afastava de todo o reino bruxas, dragões, lobos, gigantes e outras criaturas malignas. Tudo isso tornava Catarina a princesa mais feliz do universo, certo? Errado. A moça não aguentava tantos compromissos principescos, com pompas e circunstâncias, nem dançar tantas valsas e fazer discursos e pronunciamentos em público.   Na maioria das vezes, era assim: Catarina garantia para a família que ia ao baile, mas sempre surgia um imprevisto: sapatinho de cristal quebrado, vestido desfiado, carruagem sem a roda... hum...ou seja, Catarina sempre dava seu jeitinho e fugia de um compromisso social.   Mas eis que chegou ao castelo um envelope dourado que só fez aumentar as aflições da pobre Catarina. Era o convite de casamento da princesa Lea e do príncipe Eduardo. Junto ao mesmo, um bilhete com letrinha redonda convocava a princesa antissocial.   Sufoco   “Querida amiga Catarina, sei que você é um pouco tímida, mas a sua presença em meu casamento será fundamental! Você gostaria de ser uma das madrinhas? Beijos carinhosos de sua melhor amiga”. Assinado: Lea.   Só de se imaginar em pé no altar, ao lado da noiva, diante de toda aquela gente, Catarina até sentia um frio na barriga. Além disso, depois da cerimônia tinha o baile, com todos aqueles príncipes que poderiam chamá-la para dançar. De tão envergonhada, com medo e destreinada na dança, Catarina pensava que cairia esparramada no chão. Que drama!   Caro leitor (a), o assunto era mais complicado do que parecia, pois, se Catarina recusasse o convite da amiga, o rei vizinho poderia se ofender com a desfeita e a paz entre os reinos estaria ameaçada. Pesava sobre a princesa a responsabilidade de poder causar uma guerra.   E a esperta Catarina de Anis, que só queria se esconder de tudo e de todos, deixou o confortável quarto real para viver mil e uma aventuras. A princesa não só revira a casa da fada madrinha (onde encontra a cobiçada receita de Brigadeiros Mágicos) como vai para Estamante, reino proibido, onde dragões voavam em plena luz do dia.   As peripécias da moça ficam ainda mais divertidas com os desenhos de cores fortes e riqueza de detalhes. Ilustrações da designer Juliana Fiorese. O livro contém também um pequeno glossário.

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