(DIVULGAÇÃO)
Uma tentativa de solucionar a questão acima é deixar a resposta a cargo do imaginário de artistas que conheceram a história do homem que “ressuscitou ao terceiro dia”. A variedade de faces possíveis vai da “A Última Ceia”, o famoso painel de Leonardo Da Vinci (1452-1519), passando por aquele Jesus que sobe aos céus em pura luz, em "A Ressureição de Cristo (1639), de Rembrandt (1606-1669) e chegando ao Jesus de olhos amedoados de Aleijadinho nas igrejas mineiras do século 18. Entre os contemporâneos, há o Cristo Redentor carioca, de 1931, o Cristo “pop” de Romero Britto e os quadrinhos vendidos em série no comércio popular com a imagem do “Sagrado Coração de Jesus”. Outra bela investida vem do livro "Manga Bible", à venda apenas em sites de livros importados, e que mostra um Jesus jovial por meio do típico traço japonês. Vale citar ainda o Jesus "parrudo" do colombiano Fernando Botero e o Jesus que sorri de um artista identificado apenas pelas iniciais na tela. E bem perto do leitor de BH, está em cartaz “200 Faces de Jesus de Nazaré”, exposição do mineiro Petrônio Bax, no Colégio Loyola, em BH, até dia 30. A questão é que hoje, valendo-se da simples ação de “joguar no Google” é possível estudar e se emocionar com o mistério que cerca os reais traços físicos de um dos mais importantes personagens da história da humanidade. O resultado mostra Jesus em infinitas possibilidades, variando de acordo com a criatividade, ou mesmo, com a fé de quem o idealizou, seja o desenhista famoso ou anônimo. O que se supõe sobre o rosto de Jesus tem base nas características que poderiam ser comuns aos nazarenos, some-se a isso o “raio-X” do Santo Sudário e o Cristo loirinho e de olhos azuis, fruto do ideário renascentista dos séculos 16 e 17. O chamado “Santo Sudário” é um lençol mortuário que pode ter envolvido o corpo de Jesus. Nele, acredita-se que teriam ficado as marcas das feições e dos ferimentos que sofreu antes da morte na cruz. O sudário foi levado para vários lugares ao longo de dois mil anos: Jerusalém, Turquia e Itália, na Catedral de Turim, onde ainda está. No último mês, o tecido voltou a ser exposto ao público. A partir do testemunho do tecido sagrado, uma das mais antigas imagens sobre Jesus foi criada naquele mesmo século e está no Mosteiro de Santa Catarina, no Egito. É o chamado “Cristo Pantocrator do Sinai” (imagem acima). Afinal, quem era ele? Além dos textos bíblicos, um dos mais antigos relatos conhecidos sobre a existência de Jesus de Nazaré vem do historiador judeu, Flávio Josefo, que teria nascido em Jerusalém nos anos 37 ou 38 depois Cristo (d.C). Os livros de Josefo falam da história do povo judeu e até hoje ainda são editados. O relato é curioso, mas vale dizer que a veracidade do trecho é questionada por alguns historiadores. Nestas histórias, Jesus é citado: “Por essa época, apareceu Jesus, homem sábio, se é que há lugar para o chamarmos homem. Porque ele realizou coisas maravilhosas, foi o mestre daqueles que recebem com júbilo a verdade, e arrastou muitos judeus e gregos. Ele era o Cristo. Por denúncia dos príncipes da nossa nação, Pilatos condenou-o ao suplício da cruz, mas os seus fiéis não renunciaram ao amor por ele, porque ao terceiro dia ele lhes apareceu ressuscitado, como o anunciaram os divinos profetas juntamente com mil outros prodígios a seu respeito”, diz o trecho extraído do livro “Antiguidades Judaicas”. Mais duzentas faces Outra pequena mas sincera fatia das inúmeras possibilidades de rostos de Jesus pode ser conhecida na exposição “200 Faces de Jesus de Nazaré”, que pode ser vista no Colégio Loyola. Elas foram criadas por Petrônio Bax (1927-2009), um dos “discípulos” da chamada “Geração Guignard”. As centenas de desenhos foram feitos entre 2008 e 2009. Além das faces de Jesus, o Colégio também apresenta “Ichthys”, acervo com 16 telas circulares que mostram a caminhada de Jesus Cristo até o Monte Calvário. As exposições seguem até dia 30 de abril. Curadora do acervo e filha do artista, Simone Bax, lembra que a maior parte da vida do pai foi dedicada a criar obras sacras. “As ‘200 Faces’ foram uma forma de ele agradecer o que Jesus fez em sua vida”, justifica. Simone acrescenta ainda que os desenhos foram todos feitos em praticamente um mês, “na virada do ano”. Bax foi aluno do pintor Alberto da Veiga Guignard (1986-1962), na Escola de Belas Artes, em Belo Horizonte, entre 1946 e 1951. Para a curadora da mostra, Amanda Lopes, ao observar a variedade de traços que moldam as feições de Jesus, nota-se que o artista plástico de Carmópolis de Minas não quis representar o Salvador como uma figura única. “Bax metamorfoseou os traços de Jesus para deixar em aberto sua nacionalidade, aparência e transcendência”, explica Amanda. As exposições poderão ser conferidas no Colégio Loyola, na entrada pela av. do Contorno, 7.919, bairro Cidade Jardim. Horários: Segunda a sábado, das 8h às 9h30; 10h30 às 12h; 14h às 15h30; e 16h30 às 18h. Em abril, a mostra estará fechada no domingo de Páscoa e entre os dias 18 e 21.