Quarenta anos sem Charles Chaplin

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
22/12/2017 às 18:30.
Atualizado em 03/11/2021 às 00:25

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 Uma coisa é ter uma obra inquestionável, importante para a história da arte. Outra é alcançar a universalidade e a atemporalidade a partir dela. Charles Chaplin é um dos poucos artistas no mundo, se não o único, que conquistou esses dois atributos. Falecido há 40 anos, no dia do Natal de 1977, em Corsier-du-Vevey, na Suíça, o criador do eterno vagabundo Carlitos ainda exerce um grande fascínio sobre as plateias. “Uma criança faminta na África ou uma pessoa com pouca instrução formal vai entender e emocionar com uma cena feita há 70, 80 anos da mesma maneira que todo mundo”, observa Rafael Ciccarini, vice-reitor executivo da Uni-BH, responsável por trazer a Belo Horizonte, em 2012, a maior mostra de filmes de Chaplin realizada no Brasil, quando estava à frente da coordenação do Cine Humberto Mauro. ExcluídosPara Ciccarini, a importância do artista inglês vai muito além do realizador de cinema. Está também no homem “que tentou se colocar em tudo o que fez, levantando várias bandeiras sociais como alguém que defendia os excluídos”. O personagem pobre, de roupas desproporcionais e sujas, chapéu-coco e bengala nada mais é do que uma reprodução do próprio autor, que cresceu no subúrbio de Londres, com pais praticamente ausentes. “Toda a sua obra teve uma dimensão autobiográfica. Está na essência do trabalho dele tratar esses temas pessoais e universalizá-los. Ele está sempre no limiar entre a alegria e a tristeza”, registra Ciccarini. Como exemplo, ele cita a icônica sequência em que um Carlitos esfomeado tenta comer, no filme “Em Busca do Ouro”, o pé de uma bota como se fosse um farto jantar. “É trágico, porque não tem o que comer, mas ela fica lúdica de alguma maneira. Realizar esse meio de campo é muito difícil”, analisa. A partir de Carlitos, o pesquisador diz ser possível fazer uma leitura do século XX. “Carlitos acredita na vida. Ele comete erros, é trapalhão, mas é do bem. Depois do Holocausto e dos campos de concentração, ele desaparece, já não faz mais sentido. O mundo pode ser dividido em antes e depois de Carlitos”, registra.  O filme seguinte à Segunda Guerra é “Monsieur Verdoux”, pessimista, cinzento e pragmático, como destaca Ciccarini. Ele comenta a cena final, em que Verdoux caminha em direção ao horizonte, era a forma como Chaplin gostava de terminar os filmes de Carlitos. “É como se lembrasse do vagabundo, fazendo alusão a outro tempo”, diz.  DIVULGAÇÃO / N/A

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