Com a desculpa de apresentá-los às novas gerações, filmes ganham remakes desnecessários, geralmente muito inferiores ao trabalho original. Não é o caso de “Sete Homens e um Destino”, disponível no Telecine Play, que faz uma atualização do faroeste homônimo lançado em 1960.
Não é só o fato de sua abordagem ser politicamente correta, abrindo espaço generoso para negros, índios, mulheres, mexicanos e orientais, up to date com a luta contra a discriminação, trocando o branquelo Yul Brynner por Denzel Washington como o grande protagonista.
Mas também à leitura do “estar a serviço de”, em que, num mundo de crise de lideranças políticas, parece ser ingênuo se deixar guiar por alguém, quando não inserido num contexto nacionalista (filmes de guerra) ou corporativo (policiais). Os heróis são cada vez mais individualistas.
Princípios
Essa ideia está expressa numa fala do personagem de Vincent D’Onofrio, que, na véspera de uma cidadezinha ser invadida por um exército de criminosos, vale a pena morrer por um homem como Chisolm – o pistoleiro vivido por Denzel, que recruta seis pistoleiros para o confronto.
Não se trata, como no original, de uma leitura bíblica sobre a segunda chance, de um grupo ter a oportunidade de expiar seus pecados defendendo gente inocente ameaçada por poderosos. Com exceção de Faraday (Chris Pratt, de “Os Guardiões da Galáxia”), os demais têm princípios.
Os estilos, credos e raças se diferem, mas há um senso comum do que é bom, palavra tão descaracterizada nos últimos tempos. O diretor Antoine Fuqua até exagera um pouco nessa intenção, com reiterados closes e imagens dos “sete magníficos” do título em inglês.
É interessante observar como o roteiro dá importância aos outros pistoleiros – a mulher deixa de ser uma figuração para ter uma voz, sinônimo de determinação e coragem –sem tirar o protagonismo de Chisolm, com todos conectados a ele.