Um livro sobre os (des)enlaces entre a música e a filosofia. Mais ainda: um trabalho que reúne discursos de dois grandes intelectuais – o filósofo prussiano Immanuel Kant (1724–1804) e o escritor austríaco Eduard Hanslick (1825–1904). “Escolhi os dois por uma conjuntura histórica e teórica bastante interessantes. Primeiro Kant, por ser o filósofo que mais se corresponde ao período clássico da música. Depois, Hanslick, por ter sido o primeiro autor a escrever uma estética musical comprometido com o fenômeno musical e com os músicos, e menos com sistemas filosóficos pré-montados”, explica Ricardo Nachmanowicz, filósofo e autor de "Lógica e Música – conceitualidade musical a partir da filosofia de Kant e Hanslick" (Relicário Edições, 177 páginas, R$ 35), trabalho que será lançado nesta quarta-feira (10), a partir das 19 horas, na Livraria Mineiriana.

Filósofo potiguar criado em Minas, Ricardo destaca que a obra é fruto de uma dissertação que revela a vinculação de nossa percepção musical com o aparato cognitivo e mental. E não apenas com sensações físicas de arrepio ou sentimentos. “A seção I é bastante voltada para o público acadêmico e interessado em Kant. A introdução e a seção II voltam-se mais para os assuntos musicais. E podem interessar mesmo o leigo, se em alguma medida ele se interessa no que escuta e já se debruçou pessoalmente sobre aquilo que é movido em si mesmo quando escuta música”, explica o moço de 34 anos.

Percorrendo o período clássico do século 18, o livro também se estende para a música tonal subsequente até meados do romantismo, mas o reconhecimento da música como uma arte autônoma, segundo o autor, aconteceu menos por ajuda dos filósofos e mais como reação dos músicos e aqueles ligados a cultura musical instrumental da era clássica. Envolvido e apaixonado por música desde a infância, Ricardo conta que ao buscar uma bibliografia encontrei diversas obras, produzidas por filósofos desde a Grécia antiga até os tempos atuais que tratavam da música, mas uma vez que ele mesmo já tinha estudado música, e quanto mais conhecia, fosse compondo ou tocando um instrumento, essa bibliografia lhe pareceu insuficiente.

"Eu exploro bastante isso no livro, como filósofos e músicos nem sempre dizem a mesma coisa a respeito da música. Na maioria dos casos, estava mais interessado no que músicos faziam do que os filósofos diziam sobre a música. Contudo, era raro encontrar textos onde o tema, aquilo do que se falava, tinha como objeto o que fazem ou fizeram os músicos e ouvintes de música. Muitas vezes a filosofia produziu um mundo à parte, onde o discurso sobre a música não precisa necessariamente se reportar à prática musical e auditiva”.

Lançamento do livro "Lógica e Música - conceitualidade musical a partir da filosofia de Kant e Hanslick", de Ricardo Nachmanowicz dia 10/12, às 19h na Livraria Mineiriana (r. Paraíba, 1419, Savassi)

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