Rodrigo Câmara expõe mais de 70 fotografias feitas na Big Apple

Clarissa Carvalhaes - Hoje em Dia
28/01/2014 às 06:34.
Atualizado em 20/11/2021 às 15:37

(Rodrigo Câmara/Divulgação)

As três últimas viagens de Rodrigo Câmara a Nova York levaram o fotógrafo a observar a cidade de uma maneira bem particular. Embora tenha desembarcado em todas as ocasiões por questões de trabalho, Rodrigo conseguiu reservar um tempo para capturar suas impressões.
  E é desse olhar estrangeiro sobre a arquitetura e as pessoas que circulam pelas ruas, cafés e construções da Big Apple que o fotógrafo recolheu sons e imagens capazes de subverter conceitos já tão pré-determinados. Não, Nova York nunca é a mesma. Para ele, é a cidade da mudança.
“Não há um lugar em Nova York que não esteja sendo construído, demolido ou restaurado a cada momento. Você caminha por três quarteirões e vê pelo menos uma obra. Eu a percebo como uma cidade viva que inspira qualquer um que passe por lá, e parece esconder coisas feitas especialmente para você”, afirma Câmara.
Essa pontuação intimista sobre a Terra da Maçã e o mundo dentro dela poderá ser visto a partir de amanhã, no BH Shopping, dentro da exposição “New York for us”, ou em português “Nova York para nós”, assinada por Rodrigo Câmara.
Ao todo, mais de 70 trabalhos compõem o acervo do fotógrafo, que, além de imagens coloridas e em preto e branco, conta com a gravação de sons feitos por Câmara em pontos estratégicos de Nova York, como, claro, o Central Park.
“Em todos os meus trabalhos eu sempre tento fugir dos formatos copiados. Aqui, como são obras criadas sem qualquer patrocínio, fiz literalmente o que quis, com a influência única de mim mesmo”, assegura.
O público que for conferir a exposição de perto poderá constatar que as andanças do fotógrafo levam a conhecer uma Nova York que parece ser abrigo dos cidadãos do mundo, uma mistura de povos e culturas impressionantes.
“Felizmente, é um lugar que está mais acessível a todos. Se há pouco tempo era complicado até conseguir um visto, hoje a situação é outra”.
Um olhar humanizado na moda
“A primeira máquina que ganhei está no batente até hoje – eu ainda a uso para trabalhar. Sabe, eu gosto de cumprir esse processo artesanal, sou da época em que se fotografava usando 40 rolos”, diz, aos risos, Rodrigo Câmara que, apesar dos 36 anos, já é macaco velho na profissão: são 22 anos de carreira, boa parte deles voltados a registrar o badalado mundinho da moda. “É que comecei cedo, né?”, justifica o moço.
E foi exatamente para produzir catálogos de moda que Rodrigo foi parar em Nova York. “É um lugar que parece pulsar e ter suas próprias vibrações, assim como Buenos Aires, outra cidade que gosto muito de visitar e fotografar. Mas não vá pensando que passa pela minha cabeça viver em Nova York. Não mesmo”.

Nova York para você
Nas duas últimas passagens pela Terra da Maçã, Rodrigo já tinha engatilhado a ideia do projeto fotográfico, mas só depois pensou em capturar os sons da cidade.
“A exposição faz um percurso determinado a partir das fotografias da arquitetura – feitas em preto e branco – e das imagens mais humanizadas, que são os trabalhos em cor”, explica.
E é nesse caminho que o visitante faz dentro da mostra que ele também tem acesso a fones de ouvidos que emitem sons de Nova York. “Foram horas de gravação de ruídos de pontos como a Times Square ou restaurantes. Sons típicos que fazem o ouvinte imergir nesses lugares. Quis proporcionar uma experiência sensorial que leva à inspiração e à imaginação”.
Sob grãos do passado
Trabalhando diariamente com moda é quase inevitável que Rodrigo Câmara faça uso dos mais modernos recursos e técnicas digitais. O que não impede, entretanto, que ele utilize velhos amigos para produzir seus trabalhos.
Entre os artifícios usados pelo moço, estão as máquinas analógicas, “porque o grão da foto desses equipamentos é diferente dos digitais e muito superior também”, assegura para completar em seguida:
“Em todo projeto cumpro o que o cliente pede, mas depois que o trabalho acaba eu digo ‘agora é a minha vez’. É aí que está a parte mais divertida porque eu faço o que eu quero. Produzo as fotos dos meu jeito, faço interferências, uso equipamentos antigos, doo meu tempo. É assim que nascem as fotos que eu mais gosto e no fim das contas sempre entrego dois trabalhos: o pedido do cliente e as fotos que eu mesmo criei. E é muito bom ver que, na maioria das vezes, eles acabam escolhendo o meu olhar”.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por