Sambista Aline Calixto põe a mão na massa e cria várias peças para a folia

Vanessa Perroni - Hoje em Dia
Publicado em 08/02/2015 às 09:23.Atualizado em 18/11/2021 às 05:57.
 (Lucas Prates/Hoje em Dia)
(Lucas Prates/Hoje em Dia)
 
“Mesmo quando pequena me envolvia por completo com o Carnaval. Achava o máximo as pessoas se ‘transformarem’ usando fantasias e vários adereços”, rememora a sambista Aline Calixto. Filha de uma costureira “de mão cheia”, a cantora aprendeu o ofício e decidiu transformar o fascínio da infância em figurinos próprios para desfilar durante a festa de Momo. 
 
Há quatro anos puxando o Bloco da Calixto em Belo Horizonte, a moça põe a mão na massa e confecciona não somente o que veste para subir ao palco como também as roupas dos 15 músicos que a acompanham no ‘batidão’ do Carnaval. Para a empreitada, conta a ajuda da mãe, Sônia. “Faço o desenho e ela embarca na minha loucura”, brinca. “Depois de pronto o figurino, ainda faço aplicações de bordados”, complementa a sambista, que prepara tudo com um mês de antecedência. 
 
A cada ano os temas das fantasias mudam. No ano passado, ela incorporou uma deusa egípcia enquanto os músicos desfilaram de faraós. Desta vez o tema é “Samba de todas as tribos”. Assim, a bela moça encarna uma indígena, em versão “repaginada e mais moderna”. 
 
A inspiração veio das últimas férias, em Caraíva, Sul da Bahia, onde ainda residem famílias de índios pataxós. “Conversei com muitos deles. Trouxe colares e referências de cores que utilizam para criar minhas fantasias”, conta.
 
A escolha do tema também carrega uma crítica da artista. “Há anos não se olha para a causa indígena como se deveria. Muitas famílias estão sumindo, e outras perdendo identidade. É preciso voltar a atenção para este problema”. 
 
EXCEÇÃO
 
Mantendo a regra de anos anteriores, no ensaio aberto do bloco, hoje, sai de cena a criação própria e entra peça do estilista mineiro Victor Dzenk. “É uma peça do acervo de Victor feita para um desfile com a temática da Amazônia”. 
 
O repertório segue a temática das fantasias. Canções como “Todo Dia Era Dia de Índio”, de Jorge Ben, e “Brincar de Índio”, interpretada por Xuxa, estão no set list. “Músicas dos meus discos em ritmo de marchinhas serão executadas”, acrescenta Calixto, que já está com o disco “Meu Ziriguidum” pronto para ser lançado, o que deve ocorrer até o fim de março. 
 
 
Baile tradicional na cidade é chance de mostrar originalidade e faturar prêmio 
 
Aline Calixto é daquelas que não perdem oportunidades de desfilar suas criações. Por isso mesmo é grande entusiasta do Concurso de Marchinhas Mestre Jonas. Motivo?
 
“É um baile que apoio pelo fato de resgatar a tradição das marchinhas e das fantasias”, explica a artista, que neste ano ficará fora da festa. “Já tinha preparado o figurino, mas como tenho show marcado no mesmo dia não poderei ir”, lamenta, sem revelar a fantasia que usaria. Vai guardar para o próximo ano.
 
Idealizador e vocalista do bloco Baianas Ozadas, Geo Cardoso também não dispensa uma boa fantasia para o Carnaval. No ano passado, venceu uma das categorias do concurso Mestre Jonas “vestido” de Dorival Caymmi.
 
“Tomei gosto por essa ideia aqui em BH com o concurso Mestre Jonas que é um dos grandes bailes onde a cena cultural da cidade se encontra”, revela o baiano, radicado na capital mineira desde a década de 1980. “Fiz em homenagem ao centenário de nascimento dele”, conta. “Vou novamente como um baiano”, avisa, mantendo segredo sobre o personagem. 
 
Segredo, aliás, é a palavra de ordem entre os concorrentes ao prêmio de melhor fantasia. 
 
“Só posso dizer que cansei de ser loira. Esse ano vou morena e levo um pouco da cultura brasileira”, avisa a idealizadora do concurso, Brisa Marques. Em edições anteriores ela já foi Marilyn Monroe, paquita da Xuxa e até panela de pressão. 
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