"Sara Não Tem Nome" se destaca na cena artística mineira

Cinthya Oliveira/Hoje em Dia
20/08/2014 às 07:55.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:51

(Sara não tem nome)

O próprio nome é um convite ao estranhamento. Sai Sara Alves Braga, entra Sara Não Tem Nome, denominação artística de uma moça de 21 anos que se tornou uma das personalidades mais precursoras da arte mineira em diferentes frentes de criações. Moradora de Contagem, a artista tem chamado atenção por seus trabalhos com fotografia, vídeo, instalação, música e atuação – afinal, é ela a estrela do videoclipe da música “De Lá Não Ando Só”, que o grupo Transmissor colocou há duas semanas no YouTube.

Atualmente, dois trabalhos de Sara Não Tem Nome podem ser conferidos em Belo Horizonte. Ela é uma das artistas contempladas pelo projeto “Bolsa Pampulha 2013/2014” e o resultado de sua residência artística está exposto no Museu de Arte da Pampulha (MAP) até 26 de outubro. Em “Carne Vermelha”, além de fotografias, ela apresenta três vídeos com seus pais e sua avó. Uma maneira de trabalhar a memória, tema constante em suas criações.

Sua participação na exposição contou ainda com um show conceitual, realizado há dez dias no MAP ao lado dos músicos Guto Borges, Patricia Rezende (ambos da banda Dead Lover’s) e Thiago Gazzinelli (do Dom Pepo). A apresentação, intitulada “ÔmegaIII”, teve 14 músicas e foi transformada em um vídeo que será integrado à mostra. “Interpretamos composições sobre solidão e melancolia. Minhas músicas não falam de amor ou de temas clássicos, mas de diferentes leituras sobre coisas do cotidiano. Se alguém vir, pode pensar que não faz sentido, que é nonsense, mas se você vir o conjunto, verá que há uma relação entre os elementos”, explica Sara.

A Aliança Francesa recebe outra mostra coletiva em que Sara participa. Desta quarta-feira (20) a 30 de setembro, o espaço abriga a exposição “S{obra}”, dividida com Pedro Veneroso e Randolpho Lamonier. Os trabalhos dos três – fotos, vídeos e instalação – têm como ponto comum a ideia de construção e desconstrução do ambiente urbano. Contagem é o principal objeto de estudo dos artistas.

Sara participa com quatro fotografias. Uma delas, é a imagem que ilustra esta página, onde a artista sugere uma casa como um organismo vivo prestes a morrer. A imagem é acompanhada pela seguinte legenda-poema: “a casa dança sozinha. na ponta dos pés, vai desmoronando-se a cada passo, em movimento a ruína. me apego às paredes brancas, à pele descascada dos tijolos nus, às vísceras sobre a terra-sangue, à coreografia das pedras”.

Coletiva em São Paulo e disco autoral estão na agenda

Muitos outros projetos tomam conta do dia a dia de Sara Não Tem Nome. Em outubro, ela participará de uma mostra coletiva no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo – ela é um dos dez jovens artistas classificados de todo o país. Três deles ainda serão premiados, mas a comissão julgadora não levará em conta apenas a obra pronta, mas também o processo criativo de cada um.

“Ainda não sei como será a minha exposição lá, mas devo levar vídeos e fotografias, além de realizar uma apresentação musical”, afirma Sara, que entrou para a Escola de Belas Artes da UFMG e prevê sua formatura para o ano que vem, com a habilitação em Desenho. Mas o desenvolvimento da arte já havia começado na adolescência e, por isso, a moça possui bom currículo, mesmo tendo apenas 21 anos de idade. Sara já foi premiada no concurso fotográfico “Revelando Contagem em 2012” e no “Festival do Minuto” com seis prêmios de 2010 a 2013.

A artista também está em processo de finalização de seu primeiro álbum, “The Best of the Beast”, previsto para ser lançado no mês que vem, com direito a show cheio de interferências audiovisuais. “É um disco em que trato das ironias da vida. Tenho uma canção que fala sobre alguém ter 3 mil amigos no Facebook, mas, na verdade, não é amigo de ninguém e acaba ficando sozinho aos finais de semana. Também tenho outra música sobre uma pessoa que tem vários cartões de crédito, mas, na verdade, não tem dinheiro para nada”.

Realizado de forma independente, o disco contou com a colaboração de vários amigos, como o mineiro Guto Borges e o paulista Wallace Costa. “A parte boa de realizar um disco de forma livre é que você recebe contribuições de pessoas que tocam em áreas diferentes. Posso fazer com quem toca rock, como com quem toca samba. Sou uma artista que trabalha com linguagens diferentes. Comigo não tem tempo ruim”.

SAIBA MAIS

Onde ver o trabalho da artista

Exposição “S{obra}”
No Salão Cultural da Aliança Francesa (rua Tomé de Souza, 1418, Savassi). Visitas gratuitas de segunda a quinta, das 8h às 21h, e às sextas e sábados, das 8h às 16h30. Até 30 de setembro.

“Bolsa Pampulha”
No Museu de Arte da Pampulha (av. Otacilio Negrão de Lima, s/n). Visitas gratuitas de terça a domingo, das 9h às 18h30. Até 26 de outubro.





 

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