(Reprodução/Instagram)
As paisagens exuberantes da Escócia já seriam motivo suficiente para justificar uma visita. Mas, no caso da advogada e influenciadora belo-horizontina Ana Letícia Mattos, a Anita Bem Criada, outro fator corroborou para a viagem ao país europeu no ano passado: a paixão por “Outlander”.
“Fiquei 40 dias lá e percorri todas as locações da série. Também estudei nesse tempo, mas aproveitava os momentos de folga e finais de semana livres para fazer as viagens pelas Highlands (território protagonista dos cenários da produção). Realmente fui a fundo nos bastidores, nas gravações, nas histórias locais”, conta.
Toda a empreitada nas “Terras Altas” foi compartilhada no YouTube, até mesmo os momentos mais sensíveis. “A cada lugar que chegava, era um choro, uma emoção inexplicável. A sensação de realmente pertencer àquilo, ainda que fosse de outras vidas. Foi uma conexão assim, que não consigo descrever. Realmente a série mexeu muito comigo, levava isso até para as minhas consultas na terapia”, relata, divertindo-se. Divulgação
Claire e Jamie protagonizam série ambientada na Escócia
A experiência, inclusive, virou até brincadeira entre ela e seus quase 90 mil seguidores no Instagram. “Chamo a nossa comunidade de ‘Anitalander’. Ela reúne as pessoas que chegaram até a série através da minha indicação e que agora trocam comentário, choram e falam comigo sobre a produção. Eles também ficam esperando que eu assista para comentar as novidades. Fico me segurando, porque às vezes não quero dar spoiler”, confessa.
Fã mais que declarada, Ana Letícia diz que a devoção por “Outlander” tem explicação. “Além da fotografia e das músicas, o patriotismo escocês, acima de tudo, me trouxe uma sensação muito maravilhosa. Uma vontade de pertencer àquele povo. Acho muito bacana que a produção misture o romance, o drama, com a parte histórica, que é real, de uma maneira bem fiel”, pontua.
Anita revela, ainda, que já está com uma supernovidade sobre o tema engatilhada, envolvendo os fãs. “Vem coisa boa por aí”, avisa.Reprodução/Instagram
Anita Bem Criada e o marido Luciano nas Highlands
Em grupo
A advogada, porém, não é a única mineira a desbravar os territórios de “Outlander”. Na capital, cerca de 40 fãs da produção se preparam para visitar os cenários que marcam a série. Uma delas é a professora de moda Denise Aguiar.
Parte de um grupo no Facebook totalmente dedicado a “Outlander”, ela conta que o desejo partiu dos próprios participantes.
“A ideia da viagem surgiu do desejo de conhecer a Escócia e ver de perto os lugares que serviram de locação para a série”, destaca. A viagem acontece entre o final de abril e início de maio de 2019.
No entanto, a interação do grupo vai além do planejamento da viagem. Dentre as várias atividades, rendeu, mais recentemente, um amigo oculto entre os membros – claro, tendo como inspiração a série e principalmente o casal protagonista Claire e Jamie.
Aliás, é na torcida pelo final feliz entre os dois – dentro e fora das telas – que consiste grande parte da atividade de um dos principais grupos mineiros dedicados a Outlander: o “SIS – Serviço De Inteligência Sassenach” e seu “braço” mineiro, o SIS BH.
“Quando estamos discutindo capítulos, revendo temporadas e fazendo maratonas, esquecemos da vida aqui fora, dos problemas e curtimos adoidado, sem prejudicar ninguém, só fazendo amizades e enaltecendo o amor”, afirma Denise, ressaltando a importância da atividade. Arquivo Pessoal
“Além das trocas de presentes, brindamos a nossa amizade que vai crescendo e se fortalecendo a cada reunião”, conta Denise Aguiar (no alto, à esquerda)
Amantes da produção são conquistados por ‘conto de fadas’
O romance entre os protagonistas Claire Randall, uma enfermeira viajante no tempo, e o jovem guerreiro escocês Jamie Fraser, é o cerne de “Outlander”. Mas, para Bruna Dolores, redatora do site Poltrona Nerd, site especializado em cultura pop e séries, a potência da produção está em tornar o romance e a trama verossímeis. “Ela constrói uma narrativa que consegue apresentar os fatos históricos e uma história de amor de forma crível. Assim, o público passa a torcer pelos personagens”, pontua.
Ela acredita que é a união entre realidade, por meio dos acontecimentos históricos, e ficção faz com que o público se sinta ainda mais próximo da produção. “Você consegue encontrar livros, outros filmes e séries e se aprofundar nos assuntos ou até mesmo viajar para a Escócia e ver não só as locações da série como a dos fatos históricos retratados nela”, destaca.
Aliás, foi inspirada pela série, e também por Harry Potter, que a redatora decidiu visitar a Escócia. “Muito do que causa o interesse é o clima de conto de fadas que o país tem”, afirma. Arquivo pessoal
Mesa de Natal do grupo que Denise participa
Olhar feminino
Algo que também reforça o sucesso da série, principalmente entre o público feminino, é o formato de construção da narrativa.
“Além do romance de conto de fadas, que normalmente encanta mais esse público, outro fato que colabora com o sucesso entre as mulheres é a identificação com a protagonista Claire e o desejo de terem um Jamie em suas vidas”, diz.
Para ela, essa identificação e desejo surgem pelo fato de que o jovem guerreiro realiza muitos dos desejos mais íntimos da protagonista. “O prazer feminino é mostrado na série de forma bastante distinta do que na maioria dos outros produtos para TV”, diz.
Além disso
Mineira de Belo Horizonte, Bianca Portela foi a responsável por dar início a trajetória do “SIS”, há um ano. Criado inicialmente como um grupo, hoje, a empreitada se desdobra também em um portal em inglês e português. Outras atividades incluem evento gastronômico, o SISChef, que mistura receitas que estão na série, e a SISTour – que levará os fãs mineiros para a Escócia no próximo ano. “Em 2018 também vamos lançar o SIStertainment, o SIStore, onde vamos vender produtos com nossos jargões, nossas hashtags e nossos memes”, adianta.
Ela conta que a relação com Outlander começou quando fazia parte de um grupo no Facebook voltado para mães. “Elas estavam sempre comentando sobre ‘Outlander’ e ‘Jamie Fraser’. Por curiosidade, resolvi assistir. Demorou uns quatro meses para eu passar do primeiro episódio, mas depois que passei, virei fã e me joguei no Facebook. Achei grupos que falavam da série e do romance dos protagonistas da série)”, lembra.
O envolvimento com Outlander se tornou maior ainda quando ela foi chamada para ser tradutora de uma das páginas que acompanhava. “Foi lá que conheci uma shipper (pessoa que torce para o sucesso romântico de um casal) que me mostrou todo esse mundo”, diz.
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