Ao começar o processo de escrita do livro “Sonhei Que Amava Você” (Editora Valentina), Tammy Luciano já tinha batido o martelo: queria falar de sonhos. “Costumo ter muitos, lembro deles, e achei que uma personagem poderia ser assim, uma garota com sonhos intensos”.   Na verdade, a autora tem o hábito de anotar, em cadernos, detalhes de seus livros. “E a Kira começou a nascer primeiro pelo seu jeito jovem, ao cuidar de uma loja alternativa. Depois veio um detalhe importante: ela ainda não havia tido um namorado sério. Aí, imaginei que poderia se apaixonar primeiro em um sonho. E me joguei no tema”, conta a moça, que chega a Belo Horizonte esta semana, dentro da tour de divulgação da obra – que, sim, já é um sucesso.    “Meu público é jovem, com maioria feminina, mas tenho meninos seguidores fofos e muito presentes”, diz ela, referindo-se, no caso, ao seu canal no YouTube, criado em 2009, e que, podemos dizer assim, “bomba”.   O YouTube foi a maneira que encontrou de informar seus leitores por onde anda, apresentando vídeos dos eventos que participa, além de “bater papo” com eles, gravando as “Crônicas Faladas”. “Não imaginei que daria tão certo, que acabaria dando entrevista no ‘Programa do Jô’, por exemplo, por causa do retorno positivo. Confesso que comecei despretensiosamente, sem interesse pelos números. Não fico ligada nas visualizações. Importa mais quando um leitor diz que me acompanha. Acho que essa calma acabou contribuindo”, analisa.    Tammy, aliás, lembra que passou uns três anos com baixa visitação – em média 60 pessoas. Foi a partir de seu quarto livro que passou a notar um aumento de views – hoje, cada vídeo recebe uma média de 3, 4 mil. “Para alguém que posta, em sua maioria, vídeos falando de livros, fico animada. Também é demais receber retorno dos escritores iniciantes que agradecem minhas dicas literárias. Quando comecei a escrever, não tinha quem me ensinasse o caminho das pedras”.    Ela conta que tenta fazer isso por quem tem sonho de publicar seu primeiro livro. “Avalio que, não ter tido a expectativa do sucesso e ter gravado os vídeos com a intenção de ajudar acabou conquistando os ‘telespectadores’”, pontua.    Confira, a seguir, outros trechos da entrevista com a escritora e atriz Tammy Luciano    "Sonhei que Amava Você" também trata da violência urbana. Poderia especificar esse viés? Eu gosto de falar do mundo real, então seria impossível não tocar na nossa realidade de hoje, com a violência urbana que infelizmente assola as cidades. Em 2005, sofri um sequestro em Niterói, Rio de Janeiro. Foi um momento difícil que vivi, mas superado. Pensei que se não tinha sido morta aquele dia, alguma missão me cabia. E comecei a valorizar ainda mais a minha vida. Amo viver, mas, depois disso, passei a adorar ainda mais os meus dias e a minha caminhada. Colocar esse tema no livro não foi algo calculado, mas não evitei quando a ideia veio. A personagem Jeloma, claro, tem dentro dela a dor que eu passei naquele momento, mas seu drama é mais tenso que o meu. Espero emocionar as pessoas com esse trecho do livro. Meu pai disse que chorou quando leu, mas ele não vale, é suspeito!   A Thalita Rebouças avaliza o seu livro. Você e ela já se conheciam? Conheço a Thalita há mais de dez anos. Eu a considero uma amiga nesse meio literário. Desde o lançamento do meu primeiro livro - "Fernanda Vogel na Passarela da Vida" -, em 2003, ela esteve presente e a gente tinha muitos sonhos nessa época. Uma sempre acompanhou a carreira da outra. Foi demais assistir o sucesso dela, a maneira como conquistou o seu espaço. Ela sempre torceu muito por mim e estivemos juntas em muitas e muitas Bienais, batalhando por nossas carreiras. No mundo dos livros, as escritoras são amigas, se ajudam, conversam, porque, afinal, a gente lança uma média de um livro por ano, então o leitor tem 360 dias para ler outros autores, não somos concorrentes, temos um bem maior, a literatura. Quando assinei o contrato com a Editora Valentina para lançar ‘Sonhei Que Amava Você’, convidei a Thalita para escrever algo sobre mim e ela topou na hora, fazendo a maior festa. Além de me dar parabéns, disse que faria com muito gosto um texto sobre a minha batalha e perseverança. Foi um presente aquela declaração tão linda e certamente isso mostra aos nossos leitores como é possível ser próxima de uma pessoa que está na mesma batalha que a sua.   Queria que falasse, ainda, de seu trabalho social... O que te inspirou? Eu já tive turmas de teatro com alunos da Cidade de Deus, no Retiro dos Artistas. Esse também foi um projeto que amei fazer. Tenho, hoje, alunos em faculdade, outros entrando para o mercado de trabalho, é maravilhoso saber que contribuí para a vida deles. No caso da Palestra ‘Escreva o Mundo’, faço desde 2005, visitando regularmente escolas falando da minha carreira, o que é ser escritora no Brasil, o mercado do livro, como uma história que escrevo em um caderninho vai parar em todas as livrarias do país. Recebo um retorno lindo, alunos que me escrevem dizendo que vão estudar mais, não tinham ideia como uma escritora vivia. E eu, claro, não faço seleção de escolas, vou em comunidades ou em escolas de classe média alta, com a mesma vontade. Essa semana (semana passada), aliás, aconteceu algo muito especial. Fui palestrar em uma escola de São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Me surpreendi porque sempre penso que minhas palavras estão destinadas aos alunos, mas depois da minha apresentação, uma das professoras comentou comigo que muito do que eu dissera estava dirigido para ela, que Deus me usou para mandar uma mensagem sobre algo muito importante para sua vida. Depois, emocionada, me abraçou. Fiquei surpreendida, porque não esperava aquela mulher tão simpática, com os olhos cheios de lágrimas, me agradecendo.   Você também é atriz.  Algum trabalho na TV em curso, algum projeto? Eu amo atuar e estou sempre pronta para qualquer chamado de um diretor de TV. Sempre gostei demais de gravar na TV Globo, tanto quanto amo estar no palco, nunca serei uma ex-atriz, mas estou vivendo minha carreira de escritora intensamente. Hoje, subo no palco de feiras literárias e livrarias. Muito autor é tímido, mas o teatro é um aliado das minhas apresentações. Quem sabe em 2015, eu volte em algum projeto bacana? A minha ideia, em 2015, é divulgar muito ‘Sonhei Que Amava Você’, encontrar meus leitores e possivelmente lançar um outro livro. Esse livro novo está sendo muito bem recebido, a Editora Valentina tem me dado um apoio enorme nos eventos, na divulgação, então quero corresponder à expectativa das pessoas que trabalham comigo e batalhar para ainda mais leitores levarem o livro para casa.   Brasil todo acompanhou o caso da Fernanda Vogel (modelo que faleceu após um acidente de helicóptero)... O livro ainda está em catálogo? Pode falar brevemente sobre ele? É impressionante como, mais de dez anos do lançamento do livro, ele continua vendendo e fazendo sucesso. Eu digo para todos que a Myrian Vogel - mãe da Fernanda - é minha madrinha literária, porque eu pensava que faria sucesso com peças de teatro, nunca pensara em publicar um livro, mas o convite foi irrecusável. Não imaginei que a minha vida estava mudando com aquele livro. O público jovem passou a gostar do que eu escrevia e percebi ali que a literatura tinha me envolvido. Não conheci a Fernanda, entrevistei 55 pessoas que deram depoimentos para o livro, desde amigos de infância dela, até pessoas famosas como Luciano Huck, Daniela Sarahyba, Ellen Jabour. A Fernanda teve uma vida curta, mas cheia de mensagens. Uma garota com uma missão especial de transformar dor em amor. O livro é tocante, mas não por minha causa, esim pela história em si, que contagia as pessoas e as estimula a viver o hoje, ser feliz agora. É isso que eu levo para a minha vida e o que passo para os meus leitores: "Obrigada pela atenção comigo. Adorei estar aqui. Como costumo dizer nos autógrafos para os leitores: 'Sejam sempre felizes'”!  

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