Tempo de reverenciar o Abba

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
Publicado em 06/07/2014 às 10:33.Atualizado em 18/11/2021 às 03:16.
A “abbamania” na década de 70 não seria a mesma sem a presença do engenheiro de som Michael Tretow na produção dos discos do hoje cultuado grupo sueco. Em busca de uma sonoridade própria para “Ring Ring”, o “quinto” Abba descobriu o que Carl Magnus Palm, autor do livro “ABBA – A Biografia” (Best Seller), define como o ingrediente-chave no bolo: um som que ultrapassava fronteiras.
 
Esse pozinho mágico se chamava “parede de som” e foi criado pelo americano Phil Spector no início dos anos 60. Após ler uma biografia sobre o produtor, Tretow se empenhou em replicar “esse grande e retumbante som que fazia com que a fronteira entre as vozes e os diferentes instrumentos quase sumissem”. Na receita, os instrumentos eram duplicados durante as gravações, recorrente a vários músicos para oferecer maior potência.
 
Como naquele tempo os estúdios suecos não dispunham de tantos recursos, Tretow encontrou uma solução, tocando o mesmo instrumento várias vezes, e ia ampliando o som. A primeira experiência aconteceu com “Ring Ring”, executando a música duas vezes, uma sobre a outra, alterando levemente a velocidade do gravador na segunda “passada” para ficar fora de sintonia.
 
“Era como se o telhado tivesse caído. Estavam estáticos. Ainda me lembro do arrepio que sentimos. Era uma coisa incrível”, lembra o engenheiro, no livro. Os vocais de Agnetha e Frida ficaram tão misturados que pareciam quase como um dos instrumentos de Björn e Benny. A música se transformou no primeiro grande sucesso do Abba – o single vendeu 545 mil cópias em todo mundo.
 
Além de Tretow, outro nome fundamental para a ascensão do quarteto foi Lasse Hallström, mais tarde autor de filmes como “Minha Vida de Cachorro” e “Chocolate”. Naquela metade dos 70, fez quatro vídeos promocionais para as músicas do LP “ABBA” numa época em que clipes ainda não eram comuns. Os vídeos transformaram o grupo num fenômeno até em locais como a Austrália.
 
Hallström introduziu uma abordagem visual que seria muito usada a partir de então, com um close de dois integrantes, sendo um de frente e o outro de perfil. “Eles olhavam bem para a câmera e estabeleciam contato direto com o espectador. Os clipes tinham um brilho convidativo característico tanto musical quanto visualmente”, escreve Palm, autor de outros livros sobre o Abba.
 
“A Biografia”, evidentemente, se concentra na história dos integrantes (dois casais), com detalhes sobre os bastidores de cada disco, além das razões que levaram o grupo a se dissolver em 1982, seguindo o mesmo caminho na vida doméstica, quando Agnetha/Björn e Frida/Benny deixaram de ser sinônimo de felicidade a dois. 
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