Tendência no exterior, ‘second screen’ juntará dois extremos

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
05/03/2015 às 07:55.
Atualizado em 18/11/2021 às 06:14
 (Ricardo Bastos/Hoje em Dia)

(Ricardo Bastos/Hoje em Dia)

Num futuro bem próximo, a escolha dos telespectadores não será entre o “8” ou “80”. Mas sim pelo “88”, a soma dessas duas formas de ver a programação televisiva, como antecipa o professor Carlos Nazareth, do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), localizado na mineira Santa Rita do Sapucaí.

É o que vem sendo chamado de “second screen” (segunda tela, em inglês), já adotado nos Estados Unidos. “Hoje é possível você ver um jogo de futebol numa tela grande e usar o smartphone ou tablet para ter informações adicionais, como uma entrevista do jogador que acabou de sair de campo”.

Não se trata, portanto, de deixar o televisor ligado e pôr em dia as mensagens recebidas. “As operadoras já prepara um conteúdo acessório, que acaba multiplicando as receitas, já que o patrocinador de um não precisa ser o mesmo do outro”, destaca Nazareth, especialista em TV digital.

No Brasil, tecnologicamente, a “second screen” pode ser implantada imediatamente, mas, de acordo com o professor, ainda não despertou o interesse das operadoras. Para ele, essa novidade nada mais é do que um prolongamento da multiplicação de conteúdo, específico para cada tipo de mídia.

PASSIVIDADE

“No caso de um filme, além do produto em si, são lançados ainda um trailer, um vídeo para o YouTube e um vídeo para ser viral, mesclando assim os dois mundos: o da alta definição e o dos aparelhos portáteis”, analisa Nazareth, para quem o fim do “usuário passivo” está bastante próximo.

“Antigamente você ficava diante da TV e passava dias sintonizado na mesma emissora. Ou buscava programas específicos em determinados horários. As novas gerações, por sua vez, percebem que não precisam esperar a exibição na TV para ter acesso a um determinado conteúdo”, observa.

Os reflexos dessas novas tecnologias são um usuário mais seletivo, que adquire conteúdo de acordo com a sua necessidade. Socialmente, porém, aumentará ainda mais a falta de comunicação nas famílias. “Antes elas desfrutavam da TV em conjunto, o que não quer dizer, necessariamente, que esse convívio era bom. De toda forma, a interação deixa de existir porque cada um terá a sua própria tela”.

PSIU!

Muitas vezes, a intenção é mesmo não dividir com mais ninguém o que está sendo visto. Renato Silveira lamenta que, hoje em dia, os cinemas deixaram de ser locais silenciosos, com vários espectadores conversando ou fazendo outro tipo de barulho durante a projeção.

“Ao ver numa telona em casa você escapa de certos problemas dos cinemas. Evidentemente que a experiência do cinema continua sendo melhor, mas se a intenção é simplesmente apreciar um filme, talvez seja mais adequado esperar o lançamento em DVD”, pondera Renato.
 

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