Tendo o "ar necessário" como diretriz, André di Bernardi lança poemas

Patrícia Cassese - Hoje em Dia
09/08/2014 às 12:58.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:43

Alguns textos não são, assim, tão recentes. “Cumpriram o seu calvário na gaveta”, brinca André di Bernardi.
“Tiveram que ficar no forno para atingirem um processo de maturidade, de verdade poética”. Mas a maioria dos poemas que compõem “O Ar Necessário” (Editora Jaguatirica), que será lançado neste sábado (9), das 14 às 19h, na Osíris Vinhos (av. Professor Mario Werneck, 1.480, loja 119, Buritis), é, sim, de lavra nova.

“O último livro que lancei foi em 2009, ‘É Quase Noite no Coração Daquelas Águas’. Neste intervalo, surgiram, aos poucos, outros poemas, mas, como de costume, não me preocupo em formular, ou ainda, não escrevo os poemas imaginando, ou prevendo a possibilidade de um novo livro. Os poemas vão surgindo espontaneamente. É como sentir sede. O verso é a melhor água”, diz, comprovando, por meio de sua fala, porque tem colhido elogios por aí.

O título do livro “rouba” o de um dos poemas. “O verso ‘o ar necessário’ surgiu numa espécie de tormenta, como um clarão, ou um relâmpago. Rapidamente, a partir desta inspiração, nasceram seis ou sete poemas, diferentes entre si, mas com a mesma alma, como poemas irmãos. Alguns foram feitos diante do mar, outros surgiram inteiros, perto das montanhas”.

Pronto, André já tinha descoberto, então, mais um título para um possível livro. “Como já tinha um bom número de textos, vi que estava na hora de nascer mais um rebento. Partindo desta base, daqueles poemas que trazem o ar necessário como mote, a partir deste fio condutor fui garimpando, unindo poemas recentes com outros mais antigos”. Os poemas do livro, prossegue ele, falam sobre a natureza, as delícias do corpo... “Sobre pedras, cebolas, crianças e bichos, muitos bichos. Este ar necessário tem também muito da influência, do sopro de grandes mestres, como Herberto Helder, Valter Hugo Mãe, Clarice Lispector e Carlos Drummond de Andrade”.

Clarice

O “ar necessário”, diz Bernardi, remete a várias situações importantes que aconteceram em sua vida durante o intervalo entre o último livro e este, como o nascimento da filha, Clarice. “Uma experiência que mudou radicalmente, para melhor, os rumos, os ventos da minha vida”. Alguns poemas, claro, são dedicados a ela. “Muito deste ar necessário vem da alegria dessa menina, como também da amplidão do mar; ou ainda, da falta mesmo de ar, da opressão, das mentiras, dos absurdos e das angústias do dia a dia, que geram sufoco e abafamento”.

Bernardi acredita que todos os poemas, de uma forma ou de outra, trazem/buscam um pouco desta sensação de respiro, alegria e encontro. E recorre a Mario Quintana: “Quem faz um poema abre uma janela. Respira, tu que está numa cela abafada, esse ar que entra por ela. Por isso é que os poemas têm ritmo – para que possas profundamente respirar. Quem faz um poema salva um afogado”.
 

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