"Terças Poéticas", projeto que traz sotaques distintos

Pedro Artur/Hoje em Dia
09/09/2014 às 07:40.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:07
 (Lazuli Estúdio Fotográfico/)

(Lazuli Estúdio Fotográfico/)

São duas vivências distintas, mas ambas deságuam no mesmo objeto de desejo: a poesia. A paraense (de Belém) Luciana Brandão Carreira, 41 anos, e o português Paulo Pego (de Barcelos), 47, lançam livros na edição desta terça-feira (9) do projeto “Terças Poéticas”, que começa às 19h, na Casa Una de Cultura (rua Aimorés, 1.451, Lourdes – 3235-7314). A entrada é franca. Detalhe: é a primeira vez que Pego vem à capital mineira.

Formanda em Medicina, com doutorado em Psicanálise, Luciana trabalha na interface entre arte e psicanálise, com vários artigos publicados nesse âmbito. No “Terças Poéticas”, ela apresenta seus dois mais recentes rebentos, “Entre” (Editora Verve), seu primeiro livro de poemas, e “Os Tempos da Escrita na Obra de Clarice Lispector – No Litoral entre a Literatura e a Psicanálise” (Cia. de Freud), que situa como a escrita de Lispector permite a experiência de um tempo único no campo da linguagem.

“Entre”, segundo Luciana, é, ao mesmo tempo, ponte e convite ao leitor. “Um interstício entre dois lugares, entre opostos, duas escolhas, de um sujeito dividido. E também o ‘entre’ é um convite de entrada na qual ele (leitor) é convocado a adentrar e caminhar com o escritor nessa zona indeterminada”, explica a poetisa que, antes da “estreia” no impresso, já se aventurou por textos no eletrônico.

Ela ressalta que essa produção literária foi impulsionada paralelamente à construção do projeto que envolve a literatura de Clarice Lispector. Luciana constata, em seu trabalho, uma mudança de estilos na obra de Clarice no período de 1964 a 1973. “Ela (Clarice Lispector) não é classificável em um gênero, não cabia (em um escaninho). Tiveram que inventar um gênero literário para classificar o que ela escrevia. Assim, ela inaugura um lugar na literatura brasileira para textos. Depois de 1964, são textos digressivos, fragmentários que provocam essa experiência, no leitor, de atordoamento, arrebatamento pela obra dela”, explica Luciana, que trabalhou nesse projeto de 2006 a 2012, e atua na psicanálise há 17 anos.

POESIA SEM LIMITE

O poeta português Paulo Pego, por seu turno, promove os livros “Poesia” e “Em Forma”. Nascido em 1967, ele é doutor em Direito, professor da Universidade de Coimbra e Jurista-Linguista do Conselho da União Europeia, em Bruxelas (onde reside). Pego conta que procura, em seu ato poético, explorar o que não é delimitado. “Em Forma” retrataria bem essa ousadia. “Este trabalho foge um pouco da poesia clássica, nele busco uma poesia mais visual, as formas variadas, o texto como é organizado e desenhado”.

Vale lembrar que, logo mais, haverá, ainda, uma homenagem ao poeta português Daniel Faria (1971-1999), conduzida pela ensaísta e professora de literatura Bianka de Andrade Silva. Faria nasceu em Baltar, Paredes, e faleceu aos 28 anos.

Com a homenagem, Bianka busca tornar a obra do autor mais conhecida no Brasil.


 

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