“Tô Ryca!” mostra as aventuras da pobre que se vê de repente cheia de dinheiro

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
Publicado em 28/04/2017 às 18:19.Atualizado em 15/11/2021 às 14:19.

São muitas as semelhanças entre a comédia brasileira “Tô Ryca!”, disponível no Telecine Play, e duas produções americanas da década de 80 – “Trocando as Bolas” (1983), com Eddie Murphy, e “Chuva de Milhões” (1987), estrelada por Richard Pryor.

Além do fato de ser protagonizado por um ator negro (uma atriz, Samantha Schümtz, no caso do nacional), “Tô Ryca!” reprisa o mesmo mote de “Chuva de Milhões”, dando a oportunidade de um pobre ter todo o dinheiro do mundo que deseja.

A ironia é a mesma: a felicidade não é completa, pois ao ganhador de uma bolada milionária só será permitido gastar com coisas que não constituem um bem. Mais: há um prazo de 30 dias para torrar uma grande quantia. Se não conseguir, perde tudo.

A esse personagem impõe-se uma lição moral: se é dinheiro o que quer, nada melhor que se entupa dele para mostrar que é preciso certo pedigree para saber lidar com altas cifras. E é justamente o que Selminha (Samantha) não tem, assim como Pryor.

O riso surge principalmente dessa“incompatibilidade”. Selminha desfila palavrões e trejeitos “de pobre” enquanto passa por lojas chiques. Maior contraste ocorre quando se candidata à prefeitura do Rio – afinal, nada melhor do que gastar à toa do que investir em política.

A mesma situação acontece no longa-metragem de 1987, mas como a política brasileira tem virado uma comédia pastelão, os roteiristas souberam tirar bom proveito dessas sequências, cheias de referências ao cenário atual.

Uma questão presente em “Trocando as Bolas” é também trabalhada em “Tô Ryca!”, ao mostrar a manipulação feita por setores econômicos da sociedade, que têm no povo uma marionete, dando o destino que querem aos pobres

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