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'Top Gun' de Tom Cruise mata saudade, mas não traz surpresas

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
27/05/2022 às 08:08.
Atualizado em 27/05/2022 às 08:10

(Divulgação)

A continuação de “Top Gun”, um dos grandes sucessos da década de 1980 e responsável por lançar Tom Cruise como astro internacional, traz o subtítulo “Maverick”, nome do protagonista. 
É como se, desta vez, a história se detivesse somente no personagem de Cruise, um piloto metido e rebelde que, no início de carreira, sofre um baque ao perder o seu copiloto.

Um duplo engano, porque o filme anterior já era sobre Maverick e a possibilidade de redenção. O segundo traz exatamente a mesma construção narrativa, com o protagonista às mergulhado em culpas.
O roteiro traz mais uma vez o fantasma de Goose, o parceiro morto, na forma do filho Rooster. É uma nova chance para Maverick esquecer o passado, como afirma o comandante Iceman.

O papel de Val Kilmer é um dos poucos que reaparecem nessa segunda parte. Iceman e Maverick eram rivais e agora o primeiro toma a função que era de Mike (Tom Skerritt), como um protetor.

Essas repetições se espalham pelo filme de maneira pouco original. O Iceman que se vangloriava como o melhor ganha um equivalente em Hangman (Glen Powell).

A jornada de Maverick muda pouco: ele vai para a escola de elite, desta vez como instrutor, tenta impor o seu estilo e paga um preço, sendo expulso da Marinha. Até, como é de presumir, virar herói.
O que o filme pode trazer de diferente é a questão da idade. As muitas rugas de Cruise não deixam mentir e a história aponta para o que pode ser a última missão do veterano.

O longa chega a tocar nesse ponto do peso da idade, rendendo algumas boas cenas, como o instante em que os aviões aposentados acabam sendo a única alternativa de sobrevivência.
“Maverick”, porém, está longe de se aproximar da viagem existencial de Rocky Balboa em “Balboa” ou de Wolverine em “Logan”, personagens emblemáticos que tentam lidar com seus pecados.

O filme é apenas uma emulação, valendo-se de hits do primeiro e cenas que, não raro, são uma cópia desnecessária, como os passeios de moto e as saídas de aviões estampadas em videoclipe.

Há até uma sequência similar ao jogo de vôlei de praia com os pilotos, em que são exibidos torsos nus e bem definidos, só mudando de esporte, com a opção pelo futebol americano.

Entre eles está uma mulher, o que não tinha no filme de 1986. Seria uma oportunidade para apagar toda aquela exaltação hetero, mas a trama tira pouco proveito desta participação.

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