Trupe paulista apresenta "Prometheus, a Tragédia do Fogo" em BH

Miguel Anunciação - Do Hoje em Dia
Publicado em 16/07/2012 às 11:20.Atualizado em 21/11/2021 às 23:35.
 (Mônica Cortez/Divulgação)
(Mônica Cortez/Divulgação)

Fernando Pessoa, Kafka, Gide e Goethe na literatura, Rainer Muller no teatro e o cinema essencialmente industrial americano: todos se sentiram animados em algum momento a falar de Prometeu.

O mito grego, trágico e complexo inaugura o trabalho, a humanidade, que atribui aos homens aquilo até então próprio dos deuses, que separou os seres humanos da natureza e definiu a criação da mulher.

Agora é a hora da versão da Balagan sobre esse supremo criador de um novo tempo. Sob a direção de Maria Thaís, a cia paulistana vem a Belo Horizonte, onde se mantém em cartaz entre terça (17) e quinta-feira (19), na Funarte-MG, com "Prometheus, a Tragédia do Fogo". Não deixe de ver.

Baiana da Chapada Diamantina, diretora formada em São Paulo, Maria Thaís é uma estudiosa notável. Dentre as várias oportunidades em que visitou a cidade, na última veio a convite do Encontro Mundial das Artes Cênicas, em 2010, quando o ECUM (agora sediado em São Paulo) abordou a Pedagogia Teatral Russa. A diretora é signatária das "proposições para o ator e dos estudos biomecânicos criados pelo encenador russo Meyerhold".

Formada há 12 anos, a Balagan se distingue pela estética do seu teatro, pelas ousadias de experimentação que se permite, pela sua fisionomia única. Assim levantou cinco montagens ("Sacromaquia", "A Besta na Lua", "Tauromaquia", "Západ – A Tragédia do Poder" e "Prometheus"), que frequentaram grandes festivais, obtiveram prêmios e elogios da crítica. Necessariamente, não foram produzidos para atrair grandes plateias.

"Gosto particularmente de uma frase dita pela Fernanda Montenegro, que 'fazer é saber o que você ainda não sabe'. Gosto de desafios, das lacunas de toda criação, de refazer. Por isso, costumo dizer que não sou uma diretora de teatro, sou uma artesã, uma artífice, gosto do processo, da oficina", afirma Maria Thaís. Ela decidiu voltar ao teatro (após oito meses de estudos pela Europa, em 2011) só depois de fechar acordo com os 11 atores de "Prometheus".

Houve debandada de parte do elenco após a carreira de "Západ". Os atores se confessaram esgotados pela sucessão de versões da peça, sobre o confinamento que o poder impõe a quem o persegue, que acolhia textos originais de Luís Alberto de Abreu, Newton Moreno e Alessandro Toller. Para aceitar dirigir "Prometheus", Maria Thaís exigiu compromisso, quem pudesse ir até o fim. E descobrir como encenar hoje uma tragédia, sem resvalar para o drama, a novela. Se dispor a encarar uma obra aberta, que ultrapassou 32 versões, passou por sedes de outros grupos, cidades do interior de SP e chega a BH razoavelmente pronta, exceto ajustes. É essa obra original e burilada que o público verá.


Funarte: rua Januária, 68, Floresta - (31) 3213-3084.

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