Quando Tunga morreu, em junho passado, o Inhotim percebeu que era importantíssimo fazer uma homenagem a este que foi um dos artistas mais importantes da história da arte brasileira, em meio à sua comemoração de aniversário de dez anos de visitação pública.
A homenagem aconteceu na última quinta-feira e a programação ficou à altura do talento de Tunga, que foi o primeiro artista contemporâneo do mundo a ter uma obra exposta no Museu do Louvre (Paris).
Teve início com a performance “Xipófagas Capilares Entre Nós” (criada em 1984), realizada na Galeria Psicoativa Tunga e nos jardins do Inhotim. A famosa performance apresenta duas irmãs gêmeas que são ligadas pelos cabelos. Há um quê de lirismo e impacto em ver as duas garotas passeando pelo parque.
Narrativas
Às 17h, o público do Inhotim foi convidado a acompanhar leituras das “Narrativas de Tunga”, histórias estranhas e interessantes criadas pelo artista, que foram compiladas em um livreto. Enquanto viam atores interpretarem os textos, as pessoas também foram convidadas a degustar uma sopa vermelha (de beterraba), que Tunga gostava de servir aos seus convidados.

Xifópagas Capilares: performance na Galeria Psicoativa Tunga
O grand finale foi especial. No segundo evento noturno aberto ao público da história da instituição (o primeiro foi o show de Fernanda Takai, sábado passado), foi possível conferir a performance “True Rouge”, em que bailarinos nus interagem com a obra homônima, espalhando por todos os cantos uma espécie de gelatina vermelha. Por sinal, essa “gelatina” não será removida. Irá endurecer e virar parte da instalação.
O mais interessante é que os bailarinos surgiram em cena de dentro do lago que fica em frente ao “True Rouge”. A experiência de uma apresentação noturna foi uma novidade interessante para público e artistas. Enquanto se assistia a apresentação, era possível ouvir os ruídos de animais de hábitos noturnos.
A noite terminou com um jantar para convidados em que boa parte dos pratos tinha tons de vermelho.
Além disso
No dia em que homenageou Tunga, o Inhotim resolveu reapresentar uma de suas performances mais importantes. "Marra", da série "Homem=Carne/ Mulher=Carne" (1996), de Laura Lima, em que dois homens nus e encapuzados encenam uma luta, foi apresentada na área externa da Galeria Mata ao longo de três horas.