Um amor louco pode levar alguém a cometer atos e crimes insanos. Mas tudo isso contado em ritmo de thriller, como num bom filme de suspense, e numa linguagem direta, sem rodeios, é a marca que o jornalista JC Junot imprime ao seu primeiro romance “Vermelho Escarlate” (Editora B), que será lançado nesta quarta-feira (3), na Leitura do BH Shopping.
Com vasta experiência com a reportagem na telinha – Rede Globo, Bandeirantes, Alterosa/SBT ou na extinta TV Manchete –, o jornalista e publicitário procura dar contornos à sua prosa utilizando elementos do chamado o new journalism – mistura de narrativa literária e jornalística desenvolvida por figuras de proa, como Tom Wolf e Truman Capote.
“Eu acredito que, com a experiência de repórter que adquiri, consigo dar o ritmo de uma reportagem, porque, tendo em vista a generalidade da TV, cobri política, futebol, polícia... E esse contato diário com esses elementos que constroem a história foi fundamental para a narrativa do livro”, ressalta o escritor, que criou um serial killer com atuação em BH.
CRUEL
Em “Vermelho Escarlate”, Junot procura trabalhar as questões que afetam o ser humano, numa sociedade conturbada e desequilibrada. “O personagem se torna cruel. E isso de uma pessoa que tinha tudo na vida que o dinheiro podia comprar – mas quando perde seu bem mais precioso, que era o amor, ele perde a noção da vida”.
Apesar de tratar da violência que nos cerca, o escritor o faz sem vulgarizá-la. Ele apenas a insinua durante toda a narrativa. “Quando se trata de um serial killer não posso descrever passo a passo, do contrário, a coisa fica muito ‘exposta’, como uma fratura. Então, toda a crueldade do personagem é feita por uma narrativa subtendida. Na ficção, a morte está inserida no contexto da história, sem precisar me remeter a ela”, explica o jornalista, que revela vítima e assassino já na primeira página da trama.