Um Chaplin como nunca visto

Paulo Henrique Silva - Do Hoje em Dia
Publicado em 30/06/2012 às 15:46.Atualizado em 21/11/2021 às 23:13.

Charles Chaplin, o maior artista do cinema de todos os tempos receberá, no início de agosto, em Belo Horizonte, a mais completa retrospectiva de sua carreira no Brasil.

O Cine Humberto Mauro dedicará um mês de programação ao criador do “eterno vagabundo”, Carlitos, exibindo todos os seus 84 filmes, boa parte em cópias de película encontradas em cinematecas e coleções particulares em diversas partes do mundo.

“A mostra é fruto de um trabalho obstinado de arqueologia”, comemora Rafael Ciccarini, responsável pela gerência de cinema do Palácio das Artes, em entrevista ao Hoje em Dia.

Ele destaca que sua equipe correu atrás dos donos dos direitos de exibição de cada filme e “varreu arquivos do mundo inteiro” em busca de cópias em 35 milímetros.

A retrospectiva marca uma nova etapa do Cine Humberto Mauro, com a realização de mostras que “são invenção nossa”, como destaca Ciccarini. “Deixamos de ser o patinho feio. Hoje podemos nos gabar e dizer que fazemos mostras tão grandes quanto e melhores que as cinematecas de São Paulo e Rio de Janeiro”, diz. A primeira ação nesse sentido aconteceu em março, quando a sala do Palácio das Artes exibiu mostra dedicada ao diretor espanhol Luis Buñuel.

Filmes raros

E para matar de inveja a concorrência, o gerente adianta a inclusão, na retrospectiva de Chaplin, de filmes raros, como um curta inacabado, The Professor (1919), em que, por razões desconhecidas, o cineasta inglês fez apenas uma cena de sete minutos.

Outro feito será a exibição de uma produção amadora, realizada para o casamento de uma amiga, “Nice and Friendly”, de 1922. “Chaplin filmou meio de sacanagem, como um presente para ela”, registra Ciccarini.

Alguns dos curtas serão cedidos pela Cinemateca do Museu de Arte Moderna (MAM), do Rio de Janeiro. A coleção particular de Lula Cardoso também poderá ser uma fonte, já que ele conta com 30 curtas em 16 milímetros.

Um dos desafios de Ciccarini é que, além de reunir todos os trabalhos de Chaplin, muitos deles têm versões diferentes. É o caso de “Em Busca do Ouro”, o primeiro longa-metragem dirigido e protagonizado por Chaplin. Lançado em 1925, ganhou em 1941 uma versão sonorizada supervisionada pelo realizador, que proibiu desde então a exibição do original mudo.

Dos sete longas de Chaplin, apenas um será apresentado em DVD, “A Condessa de Hong Kong” (1967), sua última realização. As principais obras, como “Tempos Modernos” (1936), o primeiro em que a voz de Carlitos é ouvida, e “O Grande Ditador” (1940), em que satiriza Adolf Hitler em plena ascensão nazista na Segunda Guerra, serão exibidas em película.

Falecido num dia de Natal, em 1977, aos 88 anos, ele é considerado o maior artista da história do cinema. Como Carlitos, um homem humilde, de chapéu-coco, fraque e calças largas, além do indefectível bigodinho, permanece insuperável na arte de fazer rir e chorar.

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