“É uma história que leva o público a sair da zona de conforto e a tomar decisões”. É com essas palavras que o ator carioca Malvino Salvador dá pistas do que o público pode esperar da peça “Chuva Constante”, que cumpre duas apresentações na capital mineira, a partir desta terça-feira (7).

Assinado por Keith Huff, autor de badaladas séries (“House of Cards”, “Mad Men”), o texto foi apresentado a Malvino pela produtora Cinthya Graber – e o deixou de “queixo caído”. “Me tocou profundamente. O personagem que faço é diferente de tudo o que já interpretei – e de mim mesmo. Era uma oportunidade única”, confessa.

A trama, que se passa em Chicago, traz dois policiais – Denny (Malvino) e Joey (Augusto Zacchi) que se envolvem em situações limítrofes. Ao mesmo tempo em que narram a história, os personagens vivenciam os acontecimentos, entre passado e presente.

Denny é um policial de valores familiares sólidos e ética profissional duvidosa. Já Joey, um alcoólatra solitário, de conduta moral aparentemente irrepreensível. Malvino Salvador afirma que o espectador testemunhará verdadeiras transformações dos protagonistas. Mas adverte: “O ambiente policial é apenas o pano de fundo para discussões de interesse do ser humano”.

Entre os motes, estão a divergência de visões de mundo, lealdade, traição, amizade e tomada de decisões. “É um romance policial, mas que tem drama, suspense e humor”, enumera. Para transitar por tantos gêneros sem “pesar a mão” em nenhum e aproveitando tudo que o texto tinha a oferecer, Salvador convidou o diretor paranaense Paulo Moraes– que, em 2007, dirigiu “Pequenos Milagres”, do Grupo Galpão. “O Paulo consegue transitar com sutileza entre os gêneros e imprimir verdade”.

E apesar de só contar com dois atores em cena, Malvino diz que a montagem possui muitos outros personagens. “Como o autor é um roteirista, as cenas são cheias de detalhes. Durante o monólogo dos personagens, isso se materializa na cabeça do espectador”, justifica ele, afirmando que a estrutura da peça se aproxima do formato das séries de TV.

O ator confessa que não assistiu a nenhuma obra de Huff para conferir o estilo do autor, mas se debruçou sobre pesquisas para compor seu personagem “Fiz aulas de tiro, conversei com policiais e li estudos sobre a profissão no Brasil”, revela.

Antes de encerrar, ele pondera que não há um julgamento sobre as escolhas dos personagens, um “certo ou errado”. “Huff coloca, em cena, dois seres humanos com defeitos, sonhos e valores distintos. O interessante é que cabe a cada espectador tomar seu próprio lado na história”.

Chuva Constante – Cine Theatro Brasil Vallourec (Rua dos Carijós, 258). nesta terça-feira (7) e nesta quarta-feira (8), 21h.  

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