Há cerca de sete anos, o músico mineiro Tavinho Moura estava fazendo uma de suas tradicionais caminhadas pela orla da Lagoa da Pampulha quando seu olhar se deteve com mais atenção sobre os pássaros. Em um só dia, ele contou 40.
De volta à sua casa, tratou de pedir uma máquina fotográfica emprestada. De pronto, passou a clicar suas descobertas, dividindo-as com o público por meio do belo livro “Pássaros Poemas – Aves da Pampulha”, lançado em 2012.
Mas a paixão pelo registro de pássaros cresceu de tal maneira que Tavinho resolveu dar prosseguimento à empreitada, focando, agora, o Vale do Mutum, no entorno do rio Doce, Leste de Minas.
Após cerca de 60 visitas à região de Ipaba, realizadas ao longo de quatro anos, Tavinho Moura transforma esse trabalho no livro “Vale do Mutum – Aves da Mata Atlântica”, realizado com recursos da Lei Rouanet, tendo o Instituto Cenibra como patrocinador.
Trata-se de uma publicação luxuosa, de 200 páginas, na qual as fotos são acompanhadas por textos literários assinados pelo autor – e traduzidas para o inglês pelo companheiro de Clube da Esquina Márcio Borges.
O lançamento da obra – que tem projeto gráfico de Mariana Hardy, enriquecido com ilustrações em aquarelas de Sandra Bianchi – acontece nesta quinta (10), a partir das 18h, na Loja Inhotim (rua Antônio de Albuquerque, 909, Savassi).
Macedônia
O novo projeto, vale dizer, surgiu por conta do anterior, como conta Tavinho. “Estive em Ipaba para o lançamento do livro ‘Pássaros Poemas’ e, lá, conheci a fazenda Macedônia, onde foi feita a reinserção de várias aves na natureza, um processo que teve início nos anos 90”, diz o músico, que começou (com a devida autorização) a fotografar animais presentes na própria fazenda e nos arredores.
“Claro que houve vezes em que fui e não consegui fotografar nada. Mas isso não me desanimou. Eu já havia fotografado um saci (stripedcuckoo), ave que tanto desejei ver, e que só vi depois dos 60 anos”, diz o artista, que fez questão de assinar textos bem literários (menos formais, pois, que os que geralmente compõem obras especializadas).
A emoção de ver o mutum e um CD dedicado à viola
Além do citado Saci, Tavinho viveu a emoção de ver o Mutum (Crax Blumembachii) e, de quebra, ainda clicou a Tiriba-de-orelhas-brancas (Pyrrhura leucotis) e a Jacutinga (Aburria Jacutinga). O prefácio traz texto do engenheiro florestal Paulo Henrique Souza Dantas, que fala sobre como a região foi colonizada.
Mas o livro não é a única novidade que Tavinho Moura tem a compartilhar. Recentemente, ele colocou no mercado o CD “Beira da Linha – Instrumental de Viola” (Dubas), com músicas próprias e uma versão para “Nigue Ninhas”, folclore recolhido por Mário de Andrade.
O disco foi todo feito com a viola, instrumento que Tavinho passou a tocar nos anos 1980, por conta do contato com o amigo Almir Sater. “A gente sempre se encontrava na minha casa, à beira do São Francisco ou no Pantanal. Eu levava o violão, ele a viola, mas nunca tocávamos nada. Até que um dia peguei a viola dele e logo fiz ‘Encontro das Águas’. Daí em diante, comecei a fazer várias músicas na viola”, lembra.
Gravado e mixado por Henrique Santana, “Beira da Linha” tem músicas inéditas e outras que haviam sido gravadas em discos anteriores, com outros formatos, como “Caboclo d’Água’ e “Diadorado”.